sexta-feira, 11 de julho de 2014

FRUSTRAÇÃO E VERGONHA

Recrudesceu o nosso “complexo de vira lata”, tão falado pelo nosso grande teatrólogo e comentarista esportivo, Nelson Rodrigues.
De certa forma, as coisas ainda podem piorar, dependendo dos resultados dos próximos jogos.
O fato é que, um luto mal elaborado, como é o caso do povo brasileiro nessa derrota escandalosa para a seleção alemã, pode se transformar num recrudescimento da violência.
O povo, insuflado pela onda de ufanismo que inundou as mídias, jogou todas as suas fichas tentando justificar o evento esportivo mais caro de sua história, numa sucessão de vitórias e exibições de sentimentalismo.
Dessa forma, a própria seleção absorveu esse clima de comprometimento crescente.
O próprio David Luiz, aos prantos, no final do jogo confessou que seu único objetivo era fazer o seu povo feliz.
Esse futebol “Felipão” é retrógrado. Ele perdeu o sentido da atualidade.
Parece que não sabe que há muito o futebol se tornou um dos esportes mais rendosos do planeta e, com certeza, dinheiro não combina com sentimentalismo. Isso é visível quando observamos o profissionalismo das outras seleções.
Nós e a seleção todo o tempo tentávamos vitórias que nos ressarcissem dos inúmeros problemas que enfrentamos nos campos político, social e  econômico, inclusive dos gastos astronômicos mobilizados para esse evento.
Agora é torcer para que após esse luto e a constatação de perda, possamos partir o mais rápido possível para a fase de superação.
De preferência não incentivando as nossas crianças a sofrerem por motivos tão banais. Elas precisam aprender a distinguir os verdadeiros valores da humanidade e não transformarem simples resultados de partidas futebolísticas profissionais em frustrações graves.
Difícil num país em que, apesar dos graves problemas a serem resolvidos, duzentos milhões de pessoas mergulharam numa imensa fantasia.
Os nossos atletas, a maioria muito jovem e vivendo no exterior, com certeza metabolizarão com mais facilidade toda essa frustração.
Lá, os valores primordiais são bem outros e, por isso mesmo, compõem o primeiro mundo.

Gabriel Novis Neves
08-07-2014

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