terça-feira, 29 de julho de 2014

PERTURBAR

Nem sempre são as coisas importantes as que nos causam tanta perturbação a ponto de nos tirar o sono.
No mundo materialista em que vivemos, os negócios costumam, quando realizados com ética, fazer com que o desejo de dormir demore a chegar.
Perfeitamente compreensível para pessoas que zelam pelo “tudo certinho” em seus compromissos.
Mas, existem fatos tão pequenos e que, ainda assim, são capazes de nos levarem à insônia patológica.
Geralmente, um microscópico inseto alado de pernas longas e finas, ao aproximar-se para a sua picada predileta no lóbulo da orelha para a retirada do sangue da sua vítima, produz um diminuto ruído em ritmo acelerado e capaz de despertar o mais profundo dorminhoco.
Ao menor movimento do seu escolhido doador ele se cala e, invisível, não é encontrado.
Quando tudo parece amenizado e o sono voltando, eis que ele aparece novamente com as suas asinhas vibrando, levando ao desespero o infeliz escolhido para nutri-lo.
Essa perturbação é tão séria, que aqueles que têm recursos financeiros compram aparelhos de ar refrigerado, para evitar a aproximação do inimigo invisível.
Outros usam ventiladores, fumaças no quarto e cobrem todo o corpo.
Quando encontro alguém reclamando muito, ao ponto de perturbar o próximo, de pequenos problemas materiais, lembro sempre do mosquitinho.
Tantos dissabores a gente passa perdendo o nosso tempo tão curto nesse grande mistério que é a vida, que se torna difícil ser solidário com o queixante de pequenas causas.
Perdas acontecem em nossas vidas. Podem ser de ordem material, das mais simples de serem ignoradas, e as de ordem imaterial, as mais dolorosas e que deixam, não raro, cicatrizes emocionais.
Entretanto, não podemos nunca nos deixar ser derrotados por elas.
A vida é uma guerra onde vence sempre aquele que apresenta melhor estrutura psicológica.
A vida tem que ser vivida e não entendida, disse alguém.
Evitar perdas, pequenas ou grandes só para os seguidores da Lei do Gerson, que estão sempre na espera de ganhos.
A vida perturba sempre os mais fracos e defensores da perfeição, incompatível com a condição humana.
 “A vida tem a cor que você pinta”. Mário Bonatti.

Gabriel Novis Neves
24-06-2014

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