terça-feira, 29 de julho de 2014

Fantasias

Copas do Mundo provam cada vez mais que fantasias são sempre mais importantes que a realidade.
Isso é patente quando a atenção do mundo se fixa  num passe de bola, independente dos graves problemas  pelos quais passam as diferentes nações.
Muito mais que a bola, rola no mundo a fome, a injustiça social, as guerras, os conflitos religiosos, as dívidas impagáveis de alguns países, o desemprego.
Aos que demonizavam a Copa do Mundo no Brasil, o povo respondeu com alegria e, principalmente, com congraçamento.
Jogadores de países mais evoluídos - como  a Holanda - deram  um show de civilidade e de modéstia, tornando-se o símbolo da união que deveria unir a raça humana.
O estrelismo comum brasileiro teve de dar lugar  a uma posição mais humilde e real, já que todas as seleções são boas e não há favoritismo.
Cada vez mais o equilíbrio emocional é decisivo.
Os protestos anárquicos foram substituídos em campo por verdadeiros gritos de guerra contra a FIFA, quando, apesar da orientação em contrário, jogadores e povo, mesmo após o término oficial do hino nacional, continuaram o seu canto, como um brado de desobediência explícita.
Criatividade brasileira e de alto teor contestatório.  Muito mais forte que as palavras obscenas  dirigidas  aos seus mandatários, essas, absolutamente condenáveis.  Não mais o clássico hino, sinal hipócrita de patriotismo preconizado pelo poder, mas o brado de um povo que acredita poder mudar a sua história.
Quem sabe na ressaca do pós-Copa saberemos administrar melhor a nossa realidade?
Fantasia mesmo é chamar de heróis os profissionais que detém os mais altos salários do planeta.
Heróis mesmo são os bravos trabalhadores brasileiros que apesar dos parcos salários e da imensa carga de trabalho, representam a parte nobre da nação, digna  de toda a nossa admiração.

Gabriel Novis Neves
20-07-2014

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