Li
em uma revista especializada de medicina uma pesquisa realizada por uma
universidade americana sobre o tempo útil da profissão de um médico.
Confesso
que me surpreendi diante da constatação científica que este tempo é bem curto -
contrastando com o longo tempo para preparar o médico para ser colocado no
mercado de trabalho.
Certas
especialidades, como por exemplo, a neurocirurgia na Alemanha, demora dez anos
- após os seis de graduação.
Praticamente
esses profissionais iniciam a sua atividade liberal aos trinta e cinco anos de
idade. Isso não significa que durante esses anos todos, após a sua graduação,
fiquem em um laboratório fazendo experiência em animais. Eles atendem nos
hospitais de ensino, fazem cirurgias que, com o decorrer do processo
ensino-aprendizagem, ficam cada vez mais complexas - sempre supervisionado por
um professor. Só depois estará habilitado a realizar autonomamente as cirurgias.
No
Brasil, qualquer especialista é obrigado a fazer três anos das disciplinas
básicas (Residência Médica) e mais dois anos para o certificado de especialista
em áreas da clínica médica ou cirúrgica. Mestrado e doutorado são, pelo menos,
mais quatro anos.
O
conhecimento aumentou de tal forma que, em vinte e quatro horas, ele sofre
alterações.
Chegamos
naquela situação em medicina que cada vez sabemos mais de menos, e o maior
prejudicado é o paciente, que é único na sua estrutura psíquica e orgânica.
Continuando
com os dados da pesquisa. Os pacientes preferem os médicos na faixa etária dos
trinta e cinco a cinquenta e cinco anos.
Os
mais jovens passam aos pacientes, segundo a pesquisa, pouca experiência, e os
mais antigos, estão com o seu prazo de validade vencido.
Embora
o número de médicos esteja em empate técnico com as médicas, as pacientes
mulheres preferem os médicos do sexo masculino para tratamento. Dizem que eles
transmitem mais confiança.
Diante
de alguns fatos aqui citados, tabus são quebrados. Por exemplo: a vida útil de
um atleta de futebol é curta. Não confere com a realidade. Muitas estrelas
começaram sua carreira profissional com 16/17anos. Ronaldo Fenômeno, com 16
anos, disputou o brasileirão pelo Cruzeiro como titular, e no ano seguinte era
astro na Holanda. Participou de quatro Copas do Mundo, está aposentado após
vinte anos de muitas lesões.
O
Baixinho Romário jogou até aos 40 anos e aposentou-se dos gramados por tempo de
serviço.
Poderia
citar uma infinidade, incluindo a turma da velha guarda como Nilton Santos, que
foi campeão do Mundo no Chile aos 38 anos. E o eterno Pelé que aos 17 anos foi
Campeão do Mundo na Suécia.
A
vida profissional útil do médico no exercício da medicina está em torno de 20
anos. Trabalham acima das suas possibilidades humanas quando jovens para
exercerem outras atividades profissionais, aqui no Brasil.
O
profissional de futebol, mesmo não sendo estrela, é tratado com dignidade. O
médico não passa de um mafioso e preguiçoso segundo algumas autoridades.
Resultado:
enquanto os nossos atletas de futebol são produtos exportados para o mundo todo
como preciosidades, o nosso interior não consegue nem contratar um médico. Não
por causa de salários extravagantes, mas pelo fato do governo não oferecer o
mínimo de condições para esses profissionais trabalharem - logo eles que tanto
estudaram para serem úteis à sociedade.
O
médico brasileiro hoje é um profissional, totalmente ignorado pelo poder
público, que inclusive contratou empresas comerciais (OSS) para fazerem a
interlocução com médicos em falta no nosso Estado.
O
tempo útil da profissão de médico terá o seu final em breve, com o fechamento
das escolas médicas por falta de alunos. A medicina alternativa está em alta e
substituirá a hipocratiana.
Outras
Arenas surgirão em nosso Estado, sem hospitais.
Gabriel
Novis Neves
12-01-2012
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