quinta-feira, 19 de abril de 2012

Eu já sabia


Qualquer evento esportivo realizado no mundo com a cobertura da TVGlobo, em um determinado momento aparece no estádio várias faixas com os dizeres: “Eu já sabia!”
Aqui no nosso Estado, quando o governo resolveu entregar a administração dos seus hospitais às Organizações Sociais de Saúde (OSS), escrevi o que está acontecendo hoje – Eu já sabia.
O período de incubação do primeiro escândalo, reconhecido pela própria Secretaria de Saúde, acho até que demorou muito a ser divulgado oficialmente.
Com um belo currículo de fracassos em outros Estados, as OSS chegaram aqui como salvadoras da pátria.
Nosso Estado, contrariando pareceres jurídicos, o Conselho Federal de Medicina, o Sindicato Médico, os cursos de saúde da UFMT, a maioria esmagadora de médicos e a própria opinião pública, bancou a livre entrada das OSS para tomar conta de todos os hospitais do Estado.
Para obter o voto que permitiu o contrato com as OS, o governo contou com o decisivo apoio do representante da, outrora independente, UFMT.
O pior é que esse assunto foi amplamente discutido com os professores envolvidos com os problemas de saúde pública e a maioria se posicionou contra a entrega dos hospitais públicos às OSS.
A nossa UFMT agiu mais como um partido nanico da base de sustentação do governo do Estado do que como uma casa de ciência.
Com a vitória dada pela universidade, quando o placar estava em 12 X 12 no Conselho Estadual de Saúde, o governo iniciou as contratações das OSS.
As reclamações sempre existiram e o governo reagia, através da mídia, com o famoso jogo do abafa.
O escândalo com o desvio, ou aplicação indevida de R$ 50 milhões para os Hospitais Regionais de Alta Floresta e Colider, não deu para esconder.
O próprio Secretário Estadual de Saúde, por sinal excelente gestor e profundo conhecedor dos problemas da nossa saúde pública, reconheceu a bandalheira com o dinheiro público, rescindiu imediatamente o contrato e tomou outras providências contra essa OSS.
O atual secretário de saúde aprendeu nos bancos escolares da UFMT que o mal se corta pela raiz e, agindo assim, adquiriu credibilidade junto aqueles que não o conheciam.
As irregularidades apresentadas pela OS não foi novidade para a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso.
Ela já sabia - pelo passado dessa empresa de fins lucrativos por onde passou.
Ficou surpresa apenas com a frágil fiscalização do Estado, gerando prejuízos aos pacientes e ao erário público.
A presença de OS em unidades de saúde pública é a porta de entrada para a corrupção e desvio de recursos públicos, afirma o coordenador do Comitê em Defesa da Saúde Pública.
A OS teve o seu contrato rescindido e não é mais a responsável pela administração de dois estratégicos hospitais do nosso Nortão.
Mas, e agora? Como fica parte do dinheiro que foi pelo ralo da corrupção? O governo tem a obrigação de explicar essa história ao pagador de impostos.
Excelentíssimo governador, agora que sabemos que tão cedo não haverá recursos para o VLT, da má vontade do governo federal com o nosso Estado, das viagens que o senhor faz semanalmente a Brasília garimpando recursos para Mato Grosso e que o “disse de hoje é o não disse de amanhã”, uma sugestão caseira:
Chame o seu secretário de Saúde e diga a ele para dar um jeito nessa situação de calamidade pública.
Ele tem conhecimentos para recrutar profissionais competentes aqui e tentar reverter essa humilhante situação em que nos encontramos.
Única contrapartida necessária é que a Secretaria de Saúde e seus quadros técnicos, não entrem no sistema de loteamento do poder.
O que aconteceu, eu já sabia. E avisei.

Gabriel Novis Neves
15-04-2012

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