Manhã
típica cuiabana, com temperatura desumana. Às seis horas deste domingo de
primeiro de abril - marco inicial dos festejos comemorativos aos 293 de
Cuiabá - entra no ar o som possante de um hiper super sistema de som, em
decibéis incompatíveis à saúde humana, anunciando e convidando a população para
a Corrida Ecológica.
Para
os madrugadores da área de ação da poluição sonora, proibida por lei municipal,
foi mais um desrespeito ao cidadão e à Casa de Leis.
Aqueles
que costumam recuperar no domingo as horas de sono perdidas durante o trabalho
semanal, um castigo.
Estava
cumprindo com a minha estatutária caminhada matinal, que faço há anos, e
cheguei ao local da concentração dos corredores, e da poluição oficial sonora
permitida pela lei da falta de respeito ao cidadão.
Com
a minha máquina fotográfica do iPhone documentei farto material, para nunca
mais me esquecer dessa corrida de vários discursos políticos durante o período
do esquenta.
O
calor insuportável e a largada da Corrida Ecológica atrasada preocuparam os
médicos presentes. Um pouco antes das nove horas é acionada a buzina da
largada.
Segundo
os organizadores do evento, menos de duas mil pessoas de todas as idades e
sexo, pegaram o chip da corrida.
O
que me despertou a atenção foi a quantidade de soldados da polícia militar e
viaturas, um pelotão de soldados do Corpo de Bombeiros, e respectivas viaturas,
além de ambulâncias e equipes médicas completas para o atendimento de
emergência.
Indignado,
fiquei a me perguntar. Se as policlínicas e o Pronto Socorro estão sem médicos
- segundo a Secretaria de Saúde Municipal - em uma cidade avassalada pela
dengue, de onde foram retirados esses profissionais para decorarem a festa de
aniversário da eterna capital?
E
os inúmeros policiais militares - que não vemos durante a semana em uma das
cidades campeãs de arrombamentos de caixas eletrônicos?
Do
combate ao crime organizado, que faz o que quer na terra de Pascoal Moreira
Cabral, com drogas sendo comercializadas em pontos fixos?
E
a violência considerada fato normal, e sua impunidade nem mais sendo percebida?
Deus
me livre se precisar de auxílio dos briosos militares do nosso Corpo de
Bombeiros, com efetivo insuficiente para atender a demanda da capital.
Com
um calor de deserto, muitos policiais militares, ambulâncias, carro dos
bombeiros, políticos e aspirantes a um carguinho, e até “atletas”, iniciou-se
os festejos de mais um aniversário da nossa judiada Cuiabá.
Não
sei como terminou a corrida no clima desértico, e nada sobre as ocorrências.
Quem presenciou o início não precisa adivinhar o final da novela.
Gabriel
Novis Neves
01-04-2012
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