Certa
ocasião visitei o editor do jornal Folha de São Paulo, jornalista Borys Casoy.
Fui esclarecer a ele alguns projetos que estávamos tocando na Amazônia que
visava a ocupação racional daquela extensa área e pedir o apoio do seu jornal.
Fiz
essa peregrinação também em outros importantes órgãos da imprensa nacional: O
Globo, do doutor Roberto Marinho e o Jornal do Brasil, da Condessa.
Antonio
Callado escreveu um primor de editorial, intitulado Cofre Fechado, onde
aumentou as nossas responsabilidades. Dizia que a nossa rica Amazônia só
poderia ser conquistada com as chaves do conhecimento para abrir o riquíssimo
cofre até então fechado.
Em
todos os encontros que tive ficou claro o óbvio: só manda quem sabe fazer.
Aqui
na selva, Ceremecê, o grande chefe xavante, repetia ao seu grupo que ninguém
ensina o que não sabe.
Borys
me contou que a Folha era uma empresa jornalística familiar, mas, para alguém
da família assumir alguma função, tinha que cumprir uma série de metas.
Dentre
elas: fazer o curso de graduação em jornalismo ou administração, onde apenas
duas faculdades eram aceitas – a da USP e Fundação Getúlio Vargas; fazer
estágio obrigatório em, pelo menos, dois dos maiores jornais dos Estados Unidos
e Inglaterra.
No
retorno ao Brasil, com certificado de bom aproveitamento, era então admitido na
empresa, não como diretor ou assessor da presidência, mas na recepção, até
alcançar o último degrau da hierarquia empresarial.
Isso
acontece na iniciativa privada, cujo fracasso é a falência.
Leio
nesse mesmo jornal, passado tantos anos desse encontro, a dificuldade que o
Senado da República encontrou para designar entre os seus membros um relator
para conduzir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
Aqueles
que foram preparados para a missão, se negam a assumir a responsabilidade de
fazer um relatório do julgamento de um Procurador Federal da Justiça, e
colega de parlamento.
Sabem
que quem sai na chuva se molha e, naquela Casa de Leis, não existem santinhos.
Li
a relação daqueles que foram convidados e não aceitaram a missão honrosa. Tive
vontade de rir. Quase todos já estiveram envolvidos em processos de ética no
exercício do mandato parlamentar.
Outros,
mais pragmáticos, não querem sequer ser lembrados. Sabem que o feitiço poderá
virar contra o feiticeiro.
Dos
membros da Comissão da CPI, dois nomes chamaram atenção dos brasileiros pelo
seu passado: Collor de Melo e Jucá! O lider dos caras pintadas é senador, e
pertence a esse grupo.
Na
vida privada a moeda do sucesso é o conhecimento e a ética. No Congresso
Nacional isso é o que menos importa.
Tenho
até a impressão que o empresário goiano é tão poderoso, que o senado brasileiro
tem receio de julgá-lo e mostrar à nação que está totalmente contaminado pelas
águas milagrosas dessa cachoeira que, pelo volume de água, detém grande parte
da nossa riqueza hídrica.
Se
poucos acreditavam nas comissões de ética - mais política que ética - essa
demora na escolha do relator é sugestiva de rabo preso.
Fico
pensando que estamos vivendo em plena democracia em país republicano.
Alguém
disse que a democracia é a melhor forma de governo para manter as coisas como
estão, e republicano ficou reduzido ao nome do partido do Tiririca.
Bom
mesmo é viver em Mato Grosso, Estado que só possuía um bandido, que agora mora
no sul.
O
seu espaço foi ocupado por novos personagens, dizem que, inclusive, da
cachoeira que mete medo em senador.
Só
manda quem sabe.
Aceitar
mandar na CPI do Senado, no caso do senador de Goiás, é missão para quem não
sabe.
E
quem não sabe, não manda. Sai dessa.
Gabriel
Novis Neves
14-04-2012
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