terça-feira, 17 de abril de 2012

Pimenta nos olhos


Os ditados populares são uma fonte inesgotável de saberes de fácil assimilação e que nos levam às mais profundas reflexões.
Temos tantas matérias inúteis no currículo escolar do ensino fundamental, que eu não teria nenhum constrangimento acadêmico de incluir, como disciplina obrigatória, ditados populares e suas interpretações.
A dificuldade, como sempre, seria encontrar professores de formação universitária com competência para ministrar a disciplina.
Os países com melhores índices educacionais valorizam o saber. Ainda estamos no estágio de dar importância ao currículo.
Um bom currículo acadêmico não é, nunca foi e nunca será, pré-requisito do saber.
O grande educador e filósofo Paulo Freire não tinha currículo para lecionar educação em universidades brasileiras, que exige o título de doutor.
Mas foi este professor sem titulação, o grande orientador dos mestres e doutores do Brasil, além de professor de renomadas universidades estrangeiras.
Antigamente, ditados populares ouvíamos diariamente na escola primeira da nossa vida, que é a nossa casa – a verdadeira educação.
Quando entrávamos na rede pública aprendíamos instrução, que complementava aquela educação, jamais a substituía.
A metodologia utilizada pelos meus pais - que só tinham formação primária - diante de um acontecimento que não conseguíamos compreender era o emprego adequado dos provérbios populares.
Esquecemos a maioria dos fatos que aconteceram conosco durante a nossa vida. Retemos aqueles considerados como “pontos luminosos”.
Aprendemos na nossa instrução básica aquelas matérias tradicionais, que pouco ou nada acrescentam para a nossa vida.
Em compensação, não esquecemos nenhum dos ditados populares, que sempre nos são úteis para interpretarmos situações e evitarmos equívocos.
Os provérbios nunca me foram tão necessários como agora, com essas chantagens políticas em Brasília.
Determinado político, cuja especialidade era jogar pimenta nos olhos dos outros, anda se queixando que está sofrendo uma campanha difamatória injusta da grande imprensa do Rio e São Paulo, com ressonância por todo o país, inclusive aqui onde ela é até muito comportada.
Caso típico do “pimenta nos olhos dos outros é refresco”, não é doutor?
 “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.
No momento em que respingou um tantinho de pimenta, no distribuidor generoso de pimentas oculares, ele chiou.
Agora só resta chiar baixinho, pois o “bom cabrito não berra”.
Certas espécies de pimenta deixam marcas, que infelizmente foi a que queimou os olhos do nosso doutor.

Gabriel Novis Neves
25-03-2012

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