Houve
uma tentativa de leilão de dois super carros, ou melhor, de duas verdadeiras
máquinas de corrida, aqui em Cuiabá.
Pessoas
ricas de todo o Brasil, e aquelas nem tão ricas assim, encheram o salão da
Receita Federal onde aqueles cobiçados carros - com currículos curiosíssimos -
seriam finalmente leiloados.
Dizem
que esses carros foram apreendidos, há muitos anos, em uma operação de combate
ao contrabando na nossa imensa fronteira.
A
euforia dos ricos descrevendo a árvore genealógica dos carros vale como
distração de aula de futilidades.
Ouvi
dizer que uma das máquinas do frustrado leilão, não chegava a ter meia centena
de unidades no mundo. O outro carro também era objeto de cobiça de
colecionadores milionários devido a sua beleza.
Gente
rica, na maioria das vezes, tem hábitos sofisticados e comportamentos
diferenciados. Algumas são de difícil trato, embora se esforcem para não
demonstrar o que realmente são.
São
tratadas como pessoas especiais, quase veneráveis. O que menos importa aos
admiradores dos ricos, especialmente dos novos ricos, é o caminho por eles
percorrido.
Povo
gosta de rico - e o Brasil está se transformando em um fértil ninho para essa
categoria de seres privilegiados e exóticos.
Rico
costuma debochar de quem estuda e, com a maior naturalidade, demonstra o seu
rei - o cartão de crédito internacional.
As
estatísticas nos informam que a cada dia nascem dezenove milionários no país,
que tem como principal programa de governo o combate à miséria.
"Quando
morre um rico, este fato não piora nem um pouco a vida dos pobres. Já os
pobres, fazem falta na sua imensa solidariedade inocente."
Cuiabá
possui uma pequena comunidade de milionários e um mundão de gente fingindo ser
milionário e levando vida de milionário.
Não
me peçam para explicar esse milagre – pois não o saberia fazer. Na “praça”
existem centenas de milionários falsificados.
Cuiabá
foi vítima de um cruel esvaziamento, dando a impressão de cidade abandonada por
ocasião das festas do final do ano, emendando com o primeiro mês do calendário
católico.
Não
ficava bem aos milionários passarem essas festas no local onde ganham dinheiro.
Isso poderia ser interpretado como caixa em baixa.
O
paraíso dessa gente é uma cidade litorânea do Rio de Janeiro. Ali se reúne a
nata do PIB, especialmente de São Paulo, Rio e da turma do interior carente de
notoriedade.
Este
ano a grande estrela desse período foi o dono do pré-sal. Há seis anos era
milionário, e, agora, é bilionário. Está entre os dez homens mais ricos do
mundo.
O
sucesso que ele fez deixou esfumaçada as belezas naturais incomparáveis da
região, onde hoje os milionários do Brasil guardam os seus navios.
Vejo
barcos luxuosos no pantanal, e em algum trecho ainda não totalmente destruído
do rio Cuiabá. Muitos milionários têm necessidade de badalação, e de amigos
especialistas em inflar seus egos.
Não
sou contra ricos, milionários ou bilionários, mas entrei nessa seara para falar
do fascínio que o leilão dos carros importados exerceu sobre os ricos e sobre o
impacto causado na pequena Cuiabá.
O
grande final do leilão ocorreu quando reinava a grande expectativa do primeiro
lance. Como por encanto, surge um oficial de justiça e entrega um documento ao
leiloeiro.
Após
lê-lo, encerrou o esperado leilão dos dois carros de luxo. Para os milionários
de plantão o fechamento das cortinas foi uma grande frustração. A platéia
estava ansiosa para conhecer os vencedores.
Nova
data será marcada, com novo espetáculo de futilidades - para a glória dos
milionários.
O
leilão foi adiado, como muitos dos nossos problemas sociais, sendo o principal,
a distribuição de renda.
Gabriel
Novis Neves
30-01-2012
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