Acompanhei,
à distância, todas as Copas do Mundo. Começando com aquela derrota no Maracanã
no dia 16 de julho de 1950 para os uruguaios de Obdúlio Varela.
Estava
em Cuiabá, de rosto colado no enorme rádio do bar de papai ouvindo a
transmissão do jogo. Ninguém, em perfeitas condições de sanidade mental,
imaginaria a derrota para o Uruguai diante de 200 mil torcedores.
Nelson
Rodrigues explicou em memorável editorial, que o Brasil perdeu o título de
campeão do mundo porque assim estava escrito há cem milhões de anos.
Não
me recordo de nenhuma Copa com preparação tão turbulenta como esta que se
aproxima.
É
honesto recordar que o Brasil insistiu junto à FIFA para sediar a Copa do Mundo
de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Protocolos
de obrigações foram assinados com festança. Nada está acontecendo de surpresa.
Estão
em jogo, não simples partidas de futebol de qualidade técnica duvidosa, mas
milhões de dólares.
A
FIFA comanda um dos maiores impérios econômicos do planeta Terra.
O
poder da FIFA é tamanho, que o Brasil irá alterar a sua Constituição para
atender interesses comerciais da patrocinadora da Copa.
Os
cronogramas das obras exigidos para os jogos e a preparação das cidades sedes
estão bem atrasados, e todo mundo sabe e cobra providências.
Única
obra que está sendo mexida com atraso é a dos campos de futebol - chamados pelo
pomposo título de Arenas.
Está
faltando dinheiro nesta terra sem inflação.
A
entidade multinacional responsável pelo maior evento de futebol do mundo, onde
alguns ganham milhões, vem seguidamente alertando o governo brasileiro sobre a
morosidade das obras, em velocidade quase parando, como é o caso de muitas
cidades sedes, inclusive Cuiabá.
O
secretário da FIFA responsável pela logística da Copa, passou o carnaval na
Marquês de Sapucaí, onde, encantado com o desfile das Escolas de Samba e
motivado pelo ambiente de descontração, fez declarações contundentes sobre o
desprezo do Brasil em seguir o cronograma do protocolo assinado pelo governo.
Em
entrevista na Suíça a jornalistas de todo o mundo sobre as providências
adotadas pelo Brasil, respondeu que as coisas por aqui estavam precisando de um
chute no traseiro para caminhar.
A
notícia estourou por aqui como uma bomba, mas não o suficiente para abafar a
nomeação do bispo evangélico para cuidar dos peixes.
O
nosso ministro dos Esportes não reconhece o secretário da FIFA para a Copa e
exige a sua demissão.
O
poeta do Maranhão achou inaceitável a tal declaração do chute no traseiro. O
governo, interessado nessa nuvem de fumaça para esconder descontentamentos
fisiológicos com a sua famosa base de sustentação, estava gostando do desvio do
foco da crise política.
A
notícia retornou à Suíça como a guerra do chute no traseiro. O secretário autor
da polêmica frase afirma ter sido um problema de tradução.
O
presidente da FIFA, ironicamente, pediu desculpas à presidente pelo orgulho
nacional ofendido.
Chegou
o momento oportuno da presidente da República renunciar aos jogos da Copa, como
há anos fez a Colômbia. A FIFA ficará satisfeita em agradar aos ingleses, cuja
estrutura está pronta para ontem.
E
o grande vencedor será o Brasil, que investirá o seu dinheiro em obras
prioritárias.
Gabriel
Novis Neves
06-04-2012
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