domingo, 15 de abril de 2012

Dores


A dor é um sintoma a alguma agressão ao nosso organismo. Existem vários tipos desse desconforto. Desde aquelas mais simples, que sucumbem com umas gotinhas de analgésico, até aquelas que justificam uma internação hospitalar.
Não sei como definir a dor dos torcedores do mais querido do Brasil no futebol quando da eliminação do seu time da Taça Libertadores das Américas.
Mesmo vencendo os argentinos, por placar dilatado no campo do Botafogo, foi eliminado pelos equatorianos que venceram em Assunção o time paraguaio - que meses antes, no mesmo campo, perdia de 3 X 0 para o Flamengo, e nos últimos dez minutos de jogo conseguiu o empate.
Nesse dia o Flamengo foi eliminado do campeonato e não sabia.
Todos os torcedores do Botafogo sabem que certas coisas só acontecem com o time da Estrela Solitária.
A partir de ontem os flamenguistas, não recuperados da imensa dor, dizem que há coisas que só acontecem aos clubes jogando no campo do clube do Garrincha.
Dizem, erradamente, que segundos e moedinhas de pouco valor, não servem para nada. Nada mudará na vida de quem perdeu cinco centavos, muito menos na falta de alguns segundinhos para o final de uma tarefa.
Nunca encontrei alguém na rua procurando por uma moedinha que não é aceita nem mais como esmola, mas já presenciei muitas tragédias que aconteceram na prorrogação de um evento.
Foi o caso do time e dos torcedores do rubro-negro no fatídico jogo do campo do Botafogo, seu arquiadversário esportivo.
Essa dor, que só os rubro-negros sentem, faz o encanto do futebol, cujos deuses são useiros neste tipo de brincadeira que produz sofrimento, e incomensurável alegria aos seus adversários.
Aquele velho conceito sobre liberdade, pode muito bem ser adaptado para o futebol diante desses desastres.
“Só valoriza a liberdade aquele que conheceu o cárcere, ou só valoriza a vitória o grande derrotado.”
No próximo joguinho do Flamengo pela Taça Rio, mesmo tendo como adversário um fraco time da baixada fluminense, uma vitória do mais querido, de pênalti duvidoso e já nos acréscimos, funcionará como um banho de pétalas de rosas nas imensas cicatrizes deixadas pela eliminação do clube dos milionários pagodeiros.
Continuarão com o sonho de derrotar em dezembro (não sei de que ano) o time do Messi, e assim serem transformados em heróis nacionais - com direito ao desfile em carros do Corpo dos Bombeiros no seu retorno à Cidade Maravilhosa.
Agora, são dores. E só o tempo cura.

Gabriel Novis Neves
13-04-2012

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