segunda-feira, 16 de abril de 2012

INTERPRETAÇÃO DA HISTÓRIA


Era uma vez um modesto funcionário de uma cidadezinha do interior do Brasil. Seu trabalho na prefeitura era tomar conta dos medicamentos que poderiam ser adquiridos, com absoluta certeza da sua eficiência, para aliviar sofrimentos dos pacientes da rede pública (SUS).
O seu setor era uma espécie de ANVISA do interior, e todos consideravam importante o seu trabalho de fiscal da qualidade dos medicamentos.
Certa ocasião descobriu-se que o zeloso funcionário havia recebido dinheiro de um laboratório farmacêutico quando dirigia aquele setor da prefeitura.
O rolo com o funcionário chegou à justiça, que o condenou por suborno.
O “acusado” agora era prefeito da cidade. Contratou um bom advogado de uma cidade grande e defendeu-se, dizendo apenas tratar-se de um gesto humanitário, ao fazer um “empréstimo” bancário a um lobista de outro laboratório e, que esse dinheiro, seria o ressarcimento do “empréstimo”.
A população ficou sabendo dos antecedentes criminosos do seu prefeito e retirou-lhe o apoio. Exigiu da justiça que o larápio fosse para a cadeia pública para servir de exemplo, especialmente às crianças.
O senador Arthur Virgílio conta essa história e, indignado, fica sem entender por que o lobista de uma empresa pagaria o “empréstimo” através de um concorrente. Ainda indagou se era justo, legal, decente e legítimo, um funcionário público “emprestar” dinheiro à lobista do setor que ele deveria fiscalizar, com rigor, isenção e sem proveito pessoal.
Pergunto se, em lugar do prefeito da cidadezinha que errou e está na cadeia pagando pelo seu pecado, fosse, por exemplo, um figurão, como o governador de Brasília?
Haveria algum tipo de punição, ou continuaria tudo como se nada de grave tivesse acontecido?
O prefeito vai morrer na cadeia.
O governador é anfitrião das recepções dos poderes constituídos da República.
“Nesse rumo não iremos a lugar nenhum, e o Brasil está virando um clube de cafajeste.”
Ainda bem que, por aqui, não temos casos de deslizes éticos.

Gabriel Novis Neves
18-03-2012

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