Era
uma vez um modesto funcionário de uma cidadezinha do interior do Brasil. Seu
trabalho na prefeitura era tomar conta dos medicamentos que poderiam ser
adquiridos, com absoluta certeza da sua eficiência, para aliviar sofrimentos
dos pacientes da rede pública (SUS).
O
seu setor era uma espécie de ANVISA do interior, e todos consideravam
importante o seu trabalho de fiscal da qualidade dos medicamentos.
Certa
ocasião descobriu-se que o zeloso funcionário havia recebido dinheiro de um
laboratório farmacêutico quando dirigia aquele setor da prefeitura.
O
rolo com o funcionário chegou à justiça, que o condenou por suborno.
O
“acusado” agora era prefeito da cidade. Contratou um bom advogado de uma cidade
grande e defendeu-se, dizendo apenas tratar-se de um gesto humanitário, ao
fazer um “empréstimo” bancário a um lobista de outro laboratório e, que esse
dinheiro, seria o ressarcimento do “empréstimo”.
A
população ficou sabendo dos antecedentes criminosos do seu prefeito e
retirou-lhe o apoio. Exigiu da justiça que o larápio fosse para a cadeia
pública para servir de exemplo, especialmente às crianças.
O
senador Arthur Virgílio conta essa história e, indignado, fica sem entender por
que o lobista de uma empresa pagaria o “empréstimo” através de um concorrente.
Ainda indagou se era justo, legal, decente e legítimo, um funcionário público
“emprestar” dinheiro à lobista do setor que ele deveria fiscalizar, com rigor,
isenção e sem proveito pessoal.
Pergunto
se, em lugar do prefeito da cidadezinha que errou e está na cadeia pagando pelo
seu pecado, fosse, por exemplo, um figurão, como o governador de Brasília?
Haveria
algum tipo de punição, ou continuaria tudo como se nada de grave tivesse
acontecido?
O
prefeito vai morrer na cadeia.
O
governador é anfitrião das recepções dos poderes constituídos da República.
“Nesse
rumo não iremos a lugar nenhum, e o Brasil está virando um clube de cafajeste.”
Ainda
bem que, por aqui, não temos casos de deslizes éticos.
Gabriel
Novis Neves
18-03-2012
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