Na
campanha eleitoral de 1920 para a Presidência da República, o candidato
Washington Luís usou como lema uma frase que pertence à história: “Governar é
abrir estradas.”
O
Brasil era então um país essencialmente rural e a abertura de estradas era a
oportunidade para a população, que vivia sem expectativa de vida no interior,
migrar para os grandes centros, e os ricaços dos grandes centros, explorarem as
riquezas do interior.
Isso
aconteceu há quase um século, e ficou provado que o doutor, que foi deposto por
Getúlio Vargas, pensava para o seu tempo.
Impressionante
é que nosso Estado, que já foi portal da Amazônia, maior plantador de soja e
agora, de borracha, esse lema de 1920 ainda não foi esquecido pelos homens do
poder.
No
mundo globalizado, da competição, conhecimento, avanços incríveis da ciência e
da tecnologia, muitos governantes ainda acham que governar é abrir estradas.
Talvez
para exportar a nossa burrice, o que não é de todo um mau programa de governo.
Faz-se
muita confusão entre crescimento econômico e desenvolvimento. Este está
diretamente relacionado à inclusão social dos menos favorecidos. O crescimento
é estatístico e beneficia-se o capital. Não melhora as condições de vida do
povo, maioria neste país.
Expulsos
dos campos, facilitado pelas estradas ilusórias da felicidade para a terra
prometida, sem nenhuma qualificação urbana, atravessam as cidades amontoando-se
em suas periferias.
O
campo é ocupado pelas modernas máquinas que os homens de dinheiro compram
visando lucros e ocupam o lugar do trabalhador rural.
Construir
obras não sociais no interior é adiar o problema do desemprego. Após a
construção das megas obras defendidas pelo governo, esse trabalhador fica
desempregado e gera problemas sociais - então ruma para as cidades atrás da sua
sobrevivência e de seus familiares.
O
sonho dos homens do poder agora, é que, governar é construir usinas na nossa
floresta para produzir o crescimento do Estado.
De
um modo geral, os nossos políticos estão investindo as suas economias nas
construções de usinas. O que é bom para quem possui informações privilegiadas é
bom para todos.
Não
ouvi a universidade, que é a instituição indicada, analisar o impacto da
substituição das nossas florestas e a ocupação das super usinas, na saúde do
nosso meio ambiente.
Pelo
contrário, estou com um primor de conceito ambiental, na contramão dos países
que investiram em educação: “O excesso de zelo sob alegações de problemas
ambientais, pode levar o país a uma situação difícil por falta de energia
elétrica. Não dá para pensar em desenvolvimento, sem energia, estradas e
obras.”
Concordo.
Mas o pessoal capacitado a realizar essas tarefas, é educado, treinado e com
salários dignos, o que não acontece por aqui.
Todas
as obras do Estado estão paralisadas por falta de pagamento. Mais de R$ 1
bilhão foi cortado do nosso orçamento, e o esforço que se faz para realizar
algumas partidas de futebol aqui, seguramente produzirá um atraso de, no
mínimo, vinte anos no desenvolvimento de Mato Grosso, segundo estudos feitos
pela Universidade de São Paulo (USP).
Isso
sim pode levar, por vaidade, nossa nação a uma situação difícil.
Gabriel
Novis Neves
24-01-2012
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