domingo, 20 de maio de 2012

COMEMORAÇÃO EM EDUCAÇÃO


No futebol, jamais comemoramos a conquista de um segundo lugar, especialmente nos jogos da Copa do Mundo, onde o segundo é sinônimo de vergonha nacional.
De todos os segundos lugares do mundo em futebol, o mais traumático aconteceu no Maracanã no Rio de Janeiro de 1950.
Inventamos até títulos fictícios para fugirmos da desonra de ser o segundo. Em 1978 na Argentina, voltamos com o honroso título de campeões morais!
Em 1982 e 1986, não ganhamos o primeiro lugar, mas roubamos o título de melhor seleção do mundo.
Quando o Brasil ganha o campeonato de melhor do mundo, o governo decreta feriado nacional, com direito a audiência especial em Brasília e cenas de circo, como a rolada histórica do Vampeta na rampa do Palácio do Planalto - sob os aplausos do presidente da República.
Com relação à classificação da educação no ranking mundial, qual o comportamento do brasileiro e, especialmente, do governo com relação a nossa colocação? 
O Jornal a Gazeta de Cuiabá, publicou uma matéria do Times Higher Educattion (THE) que saiu em Londres, sobre a avaliação das mais importantes universidades do mundo , fornecendo apenas a lista das setenta instituições de ensino superior com melhor reputação.
Pela primeira vez o Brasil aparece na lista. O líder continua sendo os Estados Unidos, com quarenta e quatro universidades entre as cem melhores, incluindo o primeiro lugar - Harvard. A Inglaterra vem em segundo lugar com dez entre as cem, e duas entre as setenta. O Japão ocupa a oitava posição. A China aparece com seis.
A nossa universidade de São Paulo (USP) ocupa a faixa entre a 61ª e 70ª colocação, e é a única representante da América Latina.
O jornal A Gazeta comenta que a notícia é, sem dúvida, motivo de orgulho para nós, mas também suscita reflexões. Concordo com o editorial do jornal. Imagine a tragédia nacional: o Brasil fora de uma Copa do Mundo. Orgulhamo-nos de ser o único país do planeta a participar de todas as competições dos torneios de futebol que aponta o melhor do mundo.
Com o anúncio do governo federal em cortar recursos, certamente para investir em futebol, já que não podemos fazer feio em nossa pátria e é uma obrigação ganhar esse título - inclusive para alavancar candidaturas do pessoal do governo -, a tesoura, ou navalha, cortou sem piedade orçamentos da educação (5.5%) e 22% em ciência, tecnologia e inovação.
Não é por acaso que ocupamos a 84% colocação no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto a Coréia do Sul está em 15% lugar.
Os recursos do governo destinados à pesquisa são ínfimos, só comparados a países africanos.
Não dá para entender, ou dá até demais, a insistência do Brasil em não investir em educação, ciência e tecnologia.
Nossa vocação é de continuarmos países periféricos, dependentes daqueles que investem em educação, porém, campeões do mundo em futebol.

Gabriel Novis Neves
17-03-2012

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