No
futebol, jamais comemoramos a conquista de um segundo lugar, especialmente nos
jogos da Copa do Mundo, onde o segundo é sinônimo de vergonha nacional.
De
todos os segundos lugares do mundo em futebol, o mais traumático aconteceu no
Maracanã no Rio de Janeiro de 1950.
Inventamos
até títulos fictícios para fugirmos da desonra de ser o segundo. Em 1978 na
Argentina, voltamos com o honroso título de campeões morais!
Em
1982 e 1986, não ganhamos o primeiro lugar, mas roubamos o título de melhor
seleção do mundo.
Quando
o Brasil ganha o campeonato de melhor do mundo, o governo decreta feriado
nacional, com direito a audiência especial em Brasília e cenas de circo, como a
rolada histórica do Vampeta na rampa do Palácio do Planalto - sob os aplausos
do presidente da República.
Com
relação à classificação da educação no ranking mundial, qual o comportamento do
brasileiro e, especialmente, do governo com relação a nossa colocação?
O
Jornal a Gazeta de Cuiabá, publicou uma matéria do Times Higher Educattion (THE)
que saiu em Londres, sobre a avaliação das mais importantes universidades do
mundo , fornecendo apenas a lista das setenta instituições de ensino superior com
melhor reputação.
Pela
primeira vez o Brasil aparece na lista. O líder continua sendo os Estados
Unidos, com quarenta e quatro universidades entre as cem melhores, incluindo o
primeiro lugar - Harvard. A Inglaterra vem em segundo lugar com dez entre as cem,
e duas entre as setenta. O Japão ocupa a oitava posição. A China aparece com
seis.
A
nossa universidade de São Paulo (USP) ocupa a faixa entre a 61ª e 70ª
colocação, e é a única representante da América Latina.
O
jornal A Gazeta comenta que a notícia é, sem dúvida, motivo de orgulho para
nós, mas também suscita reflexões. Concordo com o editorial do jornal. Imagine
a tragédia nacional: o Brasil fora de uma Copa do Mundo. Orgulhamo-nos de ser o
único país do planeta a participar de todas as competições dos torneios de
futebol que aponta o melhor do mundo.
Com
o anúncio do governo federal em cortar recursos, certamente para investir em
futebol, já que não podemos fazer feio em nossa pátria e é uma obrigação ganhar
esse título - inclusive para alavancar candidaturas do pessoal do governo -, a
tesoura, ou navalha, cortou sem piedade orçamentos da educação (5.5%) e 22% em
ciência, tecnologia e inovação.
Não
é por acaso que ocupamos a 84% colocação no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto a Coréia do Sul está em 15% lugar.
Os
recursos do governo destinados à pesquisa são ínfimos, só comparados a países
africanos.
Não
dá para entender, ou dá até demais, a insistência do Brasil em não investir em
educação, ciência e tecnologia.
Nossa
vocação é de continuarmos países periféricos, dependentes daqueles que investem
em educação, porém, campeões do mundo em futebol.
Gabriel
Novis Neves
17-03-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.