quinta-feira, 3 de maio de 2012

O dono


Quando Pedro Álvares Cabral desembarcou na Bahia, os portugueses passaram a ser os donos do Brasil.
A ambição portuguesa era manter a imensa área conquistada, e lutaram com unhas e dentes para preservá-la. Dividiram então o Brasil em 15 Capitanias Hereditárias com seus respectivos donatários.
Com o fracasso das Capitanias Hereditárias a Coroa Portuguesa criou o I Governo Geral, e nomeou Tomé de Souza para primeiro governador geral.
Expulsamos da nossa colônia alguns intrusos, como os franceses do Rio de Janeiro, e não deixamos os holandeses fundarem no Maranhão a cidade de Nova York.
Com a Independência do Brasil, inicia-se a linhagem de imperadores  do Brasil, e o primeiro foi o Imperador D.Pedro I e o segundo, D.Pedro II
No período imperial, onde o dono do Brasil era o Imperador, tivemos pequenos embates externos com os nossos vizinhos paraguaios e bolivianos, quando o Barão do Rio Branco conseguiu a proeza de trocar o Estado do Acre por um cavalo e por uma estrada de ferro assombração - chamada Madeira-Mamoré.
Com a Proclamação da República, o Imperador voltou para a Europa e grupos familiares passaram a se alternar no poder, mantendo o povo em verdadeiro “Estado Curral”.
Com essa política, conseguimos manter a nossa gente na escuridão do atraso e da ignorância. A prosperidade era privilégio das oligarquias familiares, presentes até hoje.
Nada mudou muito de lá para cá. Apenas o nome das tribos.
Uma novidade recente abalou esta nação. O Brasil mudou de dono, e o seu proprietário encontra-se, no momento, em uma penitenciária de Brasília.
Trata-se de um goiano muito dotado no ramo das grandes conquistas econômicas. Seu cartão de visita é uma construtora que atende os governos federal, estadual e municipal.
Toca obras públicas em todo o Brasil.
Ah, sim. É de uma enorme generosidade para com os políticos: aviões para passeios, presentes de toda ordem, e agrados que só ele sabe fazer.
Seu poder aumentou tanto nesses últimos dois anos, a ponto de nomear, demitir, transferir funcionários em qualquer Estado deste país.
O seu poder aqui em Mato Grosso é tamanho, que acabou de implodir o Partido (Não) Republicano.
A imprensa recebeu denúncias e resolveu investigar. Foi difícil acreditar naqueles fatos relatados. A primeira reação dos senadores foi de apoio ao seu colega líder da ética e zelo com as coisas públicas.
A sequência das denúncias, de quilômetros de fitas gravadas, foi a frustração, e a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), para investigar o dono do Brasil.
O povo está chamando essa CPI de comissão do rabo preso. Tem muita gente que perdeu o cargo e não perdoa a Presidente. 
Um deputado federal, com posse marcada para um alto cargo estadual, foi detonado por um magoado demitido. A sorte da presidente, num primeiro momento, virou terror na vida dela.
Todos sabem que uma campanha política é caríssima, e esse dinheiro não cai do céu. Historicamente, são os empreiteiros, os banqueiros e os empresários os grandes financiadores dessa farsa que são as nossas eleições.
Um dos responsáveis pela passagem do livrinho entre os empreiteiros foi o demitido pela presidente. Esqueceu-se que nesse caderno um dos maiores colaboradores é o Cachoeira do presídio.
Governadores, senadores, deputados federais e funcionários influentes do governo, dizem que constam da relação do tal livrinho.
Com toda essa carga genética de influência nos destinos desta nação, tenho a impressão que essa CPI será mais uma que não vai vingar.
O presidiário deverá ser solto, e provavelmente receberá uma dessas inúmeras comendas que são distribuídas o ano todo.
Brasil, pais das cachoeiras!

Gabriel Novis Neves
25-04-2012

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