quarta-feira, 23 de maio de 2012

Brasil


Quando o julgamento de meia dúzia de ladrões qualificados dos cofres públicos é considerado pelo ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) como o “julgamento do século”, o que esperar desta nação?
Para um país que arrancou do Palácio do Planalto um presidente da República legitimamente eleito pelo voto soberano do povo brasileiro por desvio de conduta e, posteriormente, inocentado pelo mesmo STF, fica difícil para os leigos em direito entenderem o momento atual. Afinal, sabemos que afanaram o nosso dinheiro.
Por isonomia, se o presidente da República cassado pelo Congresso Nacional e pelos Caras Pintadas, diante de tantas provas de erros com o dinheiro público, foi absolvido com a sua imensa caixa 2, acho uma bobagem essa designação superlativa.
Ainda mais quando o ex-ministro da Justiça do governo passado, e que atua no processo do julgamento do século, tem informações privilegiadas com relação ao funcionamento do caixa 2 dos partidos políticos e dos políticos de expressão internacional.
Tudo começou há quase dez anos, quando o empresário Carlinhos Cachoeira viu detonado o seu sistema de trabalho junto aos órgãos públicos e hoje, seu advogado, era o Ministro da Justiça.
Naquela época as provas apareciam, e nenhuma autoridade do primeiro escalão viu, nem tampouco, sabia das coisas. Todos saíram bem da roubalheira, com pequenas punições amigáveis que serão julgadas agora.
O empresário autor da façanha, o senhor Carlinhos, que de bobo não tem nada, foi preso em uma dessas operações da Polícia Federal e contratou para defendê-lo no julgamento do século, exatamente o Ministro da Justiça da época.
Os jornais anunciaram que o sábio e respeitado professor de Direito, no exercício legítimo da sua profissão, solicitou ao STF a liberação do seu famoso cliente - morador de presídio de segurança máxima.
Julgamento do século existiria se todos os envolvidos nos escândalos fossem arrolados. Alguns bois de piranhas foram para o vantajoso sacrifício para salvar a pele dos verdadeiros beneficiários da roubalheira.
Julgamento do século se estivesse no banco dos réus todos aqueles que, no exercício da função pública, ou pelas beiradas, ficaram bilionários do dia para a noite.
Os responsáveis pelo extermínio da educação de qualidade, matando por falta de oportunidades milhares de jovens e condenando o desenvolvimento deste país.
Se no banco dos réus aparecesse, pelo menos, o grande mentor do sucateamento da nossa saúde pública, hoje privilégio de poucos.
Esses ausentes do julgamento continuarão cuidando dos seus interesses pessoais e aumentando o seu patrimônio, sem nenhum constrangimento ou pudor.
Está certo que o legislador brasileiro é o mais caro do mundo, no país que tem como prioridade o combate à miséria.
Mesmo com salários de príncipes asiáticos, poucos políticos poderão explicar a origem das suas fortunas. O pior que essa praga é transmissível, contaminando todas as Casas de Leis dos Estados e Municípios e afetando poderes equivalentes.
Os pobres, quando surpreendidos com um pedaço de pão retirado de uma padaria para matar a sua fome, são presos, algemados e conduzidos a esses presídios superlotados, fichados como formadores de quadrilhas e outras coisas mais.
Os grandes que fazem a mágica de desaparecer milhões de reais do Tesouro, são designados como companheiros de “fatos isolados,” que não comprometem a ética do governo e, muitas vezes, tudo é resolvido na base de sustentação do governo.
Leis contra a corrupção existem às “cachoeiras.” Falta decisão política de fiscalizar o seu cumprimento.
Assim é o Brasil, eternamente país emergente.

Gabriel Novis Neves
10-04-2012

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