Quando
o julgamento de meia dúzia de ladrões qualificados dos cofres públicos é
considerado pelo ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) como o
“julgamento do século”, o que esperar desta nação?
Para
um país que arrancou do Palácio do Planalto um presidente da República
legitimamente eleito pelo voto soberano do povo brasileiro por desvio de
conduta e, posteriormente, inocentado pelo mesmo STF, fica difícil para os
leigos em direito entenderem o momento atual. Afinal, sabemos que afanaram o
nosso dinheiro.
Por
isonomia, se o presidente da República cassado pelo Congresso Nacional e pelos
Caras Pintadas, diante de tantas provas de erros com o dinheiro público, foi
absolvido com a sua imensa caixa 2, acho uma bobagem essa designação
superlativa.
Ainda
mais quando o ex-ministro da Justiça do governo passado, e que atua no processo
do julgamento do século, tem informações privilegiadas com relação ao
funcionamento do caixa 2 dos partidos políticos e dos políticos de expressão
internacional.
Tudo
começou há quase dez anos, quando o empresário Carlinhos Cachoeira viu detonado
o seu sistema de trabalho junto aos órgãos públicos e hoje, seu advogado, era o
Ministro da Justiça.
Naquela
época as provas apareciam, e nenhuma autoridade do primeiro escalão viu, nem
tampouco, sabia das coisas. Todos saíram bem da roubalheira, com pequenas
punições amigáveis que serão julgadas agora.
O
empresário autor da façanha, o senhor Carlinhos, que de bobo não tem nada, foi
preso em uma dessas operações da Polícia Federal e contratou para defendê-lo no
julgamento do século, exatamente o Ministro da Justiça da época.
Os
jornais anunciaram que o sábio e respeitado professor de Direito, no exercício
legítimo da sua profissão, solicitou ao STF a liberação do seu famoso cliente -
morador de presídio de segurança máxima.
Julgamento
do século existiria se todos os envolvidos nos escândalos fossem arrolados.
Alguns bois de piranhas foram para o vantajoso sacrifício para salvar a pele dos
verdadeiros beneficiários da roubalheira.
Julgamento
do século se estivesse no banco dos réus todos aqueles que, no exercício da
função pública, ou pelas beiradas, ficaram bilionários do dia para a noite.
Os
responsáveis pelo extermínio da educação de qualidade, matando por falta de
oportunidades milhares de jovens e condenando o desenvolvimento deste país.
Se
no banco dos réus aparecesse, pelo menos, o grande mentor do sucateamento da
nossa saúde pública, hoje privilégio de poucos.
Esses
ausentes do julgamento continuarão cuidando dos seus interesses pessoais e
aumentando o seu patrimônio, sem nenhum constrangimento ou pudor.
Está
certo que o legislador brasileiro é o mais caro do mundo, no país que tem como
prioridade o combate à miséria.
Mesmo
com salários de príncipes asiáticos, poucos políticos poderão explicar a origem
das suas fortunas. O pior que essa praga é transmissível, contaminando todas as
Casas de Leis dos Estados e Municípios e afetando poderes equivalentes.
Os
pobres, quando surpreendidos com um pedaço de pão retirado de uma padaria para
matar a sua fome, são presos, algemados e conduzidos a esses presídios
superlotados, fichados como formadores de quadrilhas e outras coisas mais.
Os
grandes que fazem a mágica de desaparecer milhões de reais do Tesouro, são
designados como companheiros de “fatos isolados,” que não comprometem a ética
do governo e, muitas vezes, tudo é resolvido na base de sustentação do governo.
Leis
contra a corrupção existem às “cachoeiras.” Falta decisão política de fiscalizar
o seu cumprimento.
Assim
é o Brasil, eternamente país emergente.
Gabriel
Novis Neves
10-04-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.