quinta-feira, 17 de maio de 2012

Caixinhas


Do ensino primário até a universidade, aprendi que temos várias caixinhas em nosso cérebro. Nelas estão guardados os nossos sentimentos, emoções e conhecimentos – muitas vezes censurados e aprisionados pelo nosso superego.
Funcionava como didática de ensino e problema cultural a abertura dessas simbólicas caixinhas.
Na universidade as caixinhas apareceram de forma abundante durante as aulas de psicopatologia.
Naquela época eu não conhecia o computador e, mal comparando, vejo que aqueles lugares reservados no meu cérebro se assemelham à área de trabalho do meu notebook – cheio de caixinhas.
No meu computador, cada caixinha guarda um assunto, às vezes confidencial, em que só eu tenho acesso.
São informações traduzidas em verdadeiros segredos.
Mas, será que esses segredos estão bem guardados, diante das conquistas tecnológicas cada vez mais sofisticadas?
Está provado, pela cultura popular, que segredo não é coisa para se guardar.
Recentemente tivemos aqui no Brasil, um empresário bem sucedido e um senador defensor da ética e dos bons princípios, surpreendidos em seus segredos pela sofisticada tecnologia da Polícia Federal, que interceptou conversas em aparelhos que só podiam ser captados nos Estados Unidos.
Os antigos diziam que barriga de mulher grávida, sentença de juiz e resultado de eleições só seria possível conhecer o resultado, após o parto, a sentença proferida e a abertura das urnas.
Bons tempos aqueles em que tudo era surpresa e emoção!
Hoje o sexo da criança é conhecido com doze semanas de gestação. Sentença de juiz é divulgada dias antes do julgamento pela mídia. Resultados de eleições, com raríssimas exceções, sabemos antes das suas realizações.
Tenho a impressão que diariamente somos colocados diante de uma caixinha fechada. É difícil para o ser humano abri-la e conhecer segredos da sua própria vida, e muitas vezes buscar apoio de médicos especialistas.
É um processo doloroso jogar ao nível do nosso consciente aquilo guardado e fiscalizado pelo superego.
A abertura dessa caixinha poderá nos ajudar, e muito, nas nossas dificuldades de entender comportamentos humanos, principalmente.
Não tenho receio em abrir nenhuma caixinha que ainda teima em permanecer fechada no meu inconsciente.
Encontrei a ajuda que necessitava e que me forneceu a chave mágica para abrir, sem temores, as que ainda permaneciam fechadas. Lógico que devem ter algumas escondidas por lá. Nosso cérebro, muitas vezes, nos protege de nós mesmos. Mas, sempre quando descubro alguma, me apresso em abri-la sem o menor pudor.
Retornando às caixinhas abertas das escutas telefônicas. Seu conteúdo foi divulgado em horário nobre pela TV de maior audiência no Brasil. Estarrecidos escutamos. E aprendemos como é fazer política neste país.
Como tem sido útil à nação a abertura e a divulgação diária dos conteúdos desse imenso caixão blindado que é o Brasil!
O país da mentirinha está com os seus dias contados, e verificamos que faxina não resolve o nosso problema.
A revelação dessas escutas colocou as instituições brasileiras no mesmo patamar de descrédito popular, dirigidos por inescrupulosos e malfeitores.
Precisamos implodir essa podridão oligárquica e criminosa encastelada no poder há muito tempo - fazendo apenas troca-troca de camisas suadas e fedorentas de quatro em quatro anos.
Com as provas da promiscuidade entre governo e contraventores, chegamos ao fundo do poço, com chance, agora, para renascer com um novo país.
As caixinhas do poder foram todas escancaradas.
Agora está em nossas mãos a reconstrução de uma nação arrasada, para uma livre e verdadeiramente republicana.

Gabriel Novis Neves
07-05-2012

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