quinta-feira, 10 de abril de 2014

Timidez

Tantas vezes confundida com arrogância e prepotência, a timidez é um grande empecilho no que se refere à capacidade de comunicação de cada um.
Pessoas excessivamente tímidas são, frequentemente, consideradas distantes e antipáticas. No entanto, estão apenas se protegendo de um mundo que para elas é hostil e ameaçador.
Quando logramos romper a carapaça que as envolve, geralmente se mostram agradáveis, intensas e frágeis.
São presas fáceis para qualquer tipo de estímulo que as tornem mais livres e efusivas. Bebidas alcoólicas ou qualquer outro tipo de droga devem ser sempre mantidos à distância, dada a grande facilidade com que a eles se entregam, sempre na ânsia  de liberar uma personalidade que, por insegurança, tentam esconder.
Estão sempre procurando exorcizar o estado de desinteresse aparente que os caracterizam e que os flagelam.
A meta das pessoas tímidas é sempre a liberação de uma censura rígida, sempre por elas mesmas impostas.
Muito comum vermos homens discretos se transformarem em grandes galanteadores após a ingestão de bebida alcoólica. Sua personalidade é de tal forma alterada que, para quem não os conhece, são os desinibidos perfeitos.
Tímidos, de um modo geral, são pessoas muito confiáveis. Sempre exigem de si comportamentos muito lineares, sempre coerentes com o bem estar alheio, em geral sua maior preocupação.
Falando menos e observando mais, o único mal que fazem é a si mesmo, já que não conseguem mostrar ao “outro” o grande potencial que acumularam durante a vida, não apenas no tocante às ações, mas, principalmente, às ideias.
Geralmente são grandes apreciadores da natureza e das coisas simples da vida.
Não por acaso, os grandes poetas, escritores e os envolvidos com as outras artes em geral, se enquadram nesse perfil, quero dizer, os verdadeiros poetas da vida. Aqueles que não estão interessados no reconhecimento alheio de sua obra, até porque, sua maior dificuldade, é o próprio reconhecimento.
No mundo atual, em que o importante é “parecer” e não “ser”, com certeza os exibidos e os  marqueteiros se dão bem melhor em suas carreiras, já que usam de todos os meios disponíveis para a divulgação de seu pseudotalento e de sua pseudo-obra. Os exemplos estão aí para serem vistos por quem se interessar, principalmente na literatura.
Podemos dizer que nesse mundo do faz de conta, raramente os tímidos conseguem o dito “sucesso”.
São apenas valorizados e entendidos pelos que, como eles, não precisam da aprovação pública para se sentir plenos, ou seja, pelos raros portadores de uma boa autoestima.
A sociedade em que vivemos, com os seus meios arcaicos de educação, não costuma propiciar muito isso.

Gabriel Novis Neves
10-03-2014

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