sexta-feira, 11 de abril de 2014

PROFETAS DO ATRASO

No início éramos dois a receber esse troféu do governo. Era um afago também dedicado  aos que criticavam o modelo de execução das obras para a Copa do Mundo em Cuiabá.
Toda a imprensa, com raríssimas exceções, só tinha elogios sobre os equívocos do governo, hoje uma realidade.
Há menos de cem dias para o início do maior evento de futebol do mundo, existe uma quase unanimidade de críticas com o resultado do empreitado, alertado pelos “Profetas do Atraso” e ancorados no “site que ninguém lê”.
Pessoas que nunca imaginei que pudessem contrariar o governo para alertá-lo no sentido de correção de rota, hoje choram tardiamente sobre o leite derramado.
Esses são os verdadeiros “Profetas do Atrasado”. Eles contribuíram, com a sua omissão, sabe-se lá por quais motivos, a levar nosso rico Estado a pagar um mico mundial.
Já disse que algumas vezes fui procurado em minha residência por jornalistas estrangeiros e da chamada grande mídia para conversarmos sobre a Copa.
Na verdade eles queriam fazer era uma catarse, resultado das suas andanças pela cidade.
Não queriam ou pediram minha opinião. Precisavam de alguém que os ouvisse.
Não entendiam como um Estado rico tinha uma capital tão pobre.
Percebi de imediato que não ficamos bem na foto da Copa.
Ouviram as autoridades do setor responsável pelo projeto por uma mera questão de formalidade burocrática, segundo me confessaram.
Seus próprios olhos e ouvidos tinham feito o diagnóstico da nossa chocante situação.
Conversaram com motoristas, guardadores de automóveis, garçons, gente de botecos e restaurantes, desempregados, mendigos, enfim, o povo em geral.
De opiniões estavam fartos. Desejavam que alguém os ouvisse.
Como sou médico e faço análise psiquiátrica, foi fácil conduzir a entrevista, pois o paciente (no caso o jornalista) fala e o terapeuta ouve.
Após os cinquenta minutos da consulta, avisa que o tempo terminou.
Eles, os correspondentes de jornais, não conseguiam entender como havia governantes irresponsáveis na terra do agronegócio.
Quase foram à loucura quando souberam que foi o Rei do agronegócio e seus associados que trouxeram a Copa para cá.
E hoje, os “Profetas do Atrasado” ocupam os espaços nobres da mídia, e nas ruas ninguém mais esconde o seu desencanto com o projeto inconcluso das Obras da Copa e o seu tão falado e repetido legado.
Ninguém mais defende o indefensável, e o governo está na situação da Geni da canção do Chico Buarque.
A boa imagem de Mato Grosso no exterior produzida por Rondon e pelos   agricultores produtores de alimentos foi destruída pela vaidade política de alguns.
Repetiu-se a velha história do tiro que saiu pela culatra. O comentário geral é a imensa dívida contraída pelo Estado, causando penosos e desnecessários sacrifícios à nossa população.

Gabriel Novis Neves
16-03-2014

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