No
início éramos dois a receber esse troféu do governo. Era um afago também
dedicado aos que criticavam o modelo de
execução das obras para a Copa do Mundo em Cuiabá.
Toda
a imprensa, com raríssimas exceções, só tinha elogios sobre os equívocos do
governo, hoje uma realidade.
Há
menos de cem dias para o início do maior evento de futebol do mundo, existe uma
quase unanimidade de críticas com o resultado do empreitado, alertado pelos
“Profetas do Atraso” e ancorados no “site que ninguém lê”.
Pessoas
que nunca imaginei que pudessem contrariar o governo para alertá-lo no sentido
de correção de rota, hoje choram tardiamente sobre o leite derramado.
Esses
são os verdadeiros “Profetas do Atrasado”. Eles contribuíram, com a sua
omissão, sabe-se lá por quais motivos, a levar nosso rico Estado a pagar um
mico mundial.
Já
disse que algumas vezes fui procurado em minha residência por jornalistas
estrangeiros e da chamada grande mídia para conversarmos sobre a Copa.
Na
verdade eles queriam fazer era uma catarse, resultado das suas andanças pela
cidade.
Não
queriam ou pediram minha opinião. Precisavam de alguém que os ouvisse.
Não
entendiam como um Estado rico tinha uma capital tão pobre.
Percebi
de imediato que não ficamos bem na foto da Copa.
Ouviram
as autoridades do setor responsável pelo projeto por uma mera questão de
formalidade burocrática, segundo me confessaram.
Seus
próprios olhos e ouvidos tinham feito o diagnóstico da nossa chocante situação.
Conversaram
com motoristas, guardadores de automóveis, garçons, gente de botecos e
restaurantes, desempregados, mendigos, enfim, o povo em geral.
De
opiniões estavam fartos. Desejavam que alguém os ouvisse.
Como
sou médico e faço análise psiquiátrica, foi fácil conduzir a entrevista, pois o
paciente (no caso o jornalista) fala e o terapeuta ouve.
Após
os cinquenta minutos da consulta, avisa que o tempo terminou.
Eles,
os correspondentes de jornais, não conseguiam entender como havia governantes
irresponsáveis na terra do agronegócio.
Quase
foram à loucura quando souberam que foi o Rei do agronegócio e seus associados
que trouxeram a Copa para cá.
E
hoje, os “Profetas do Atrasado” ocupam os espaços nobres da mídia, e nas ruas
ninguém mais esconde o seu desencanto com o projeto inconcluso das Obras da
Copa e o seu tão falado e repetido legado.
Ninguém
mais defende o indefensável, e o governo está na situação da Geni da canção do
Chico Buarque.
A
boa imagem de Mato Grosso no exterior produzida por Rondon e pelos agricultores produtores de alimentos foi
destruída pela vaidade política de alguns.
Repetiu-se
a velha história do tiro que saiu pela culatra. O comentário geral é a imensa
dívida contraída pelo Estado, causando penosos e desnecessários sacrifícios à
nossa população.
Gabriel
Novis Neves
16-03-2014
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