segunda-feira, 7 de abril de 2014

SOFRIMENTO

Sentimento intransferível. Cada indivíduo tem a sua maneira de manifestar o sofrimento.
Não deve, ou não pode ser terceirizado, tampouco compartilhado para gerar compaixão.
Também não deve seguir protocolos ou regras impostas por uma sociedade hipócrita que nos cobra, por exemplo, atitude correta em datas que nos reportam a fatos dolorosos.
O silêncio e o recolhimento dentro de si é uma das formas humana de sofrer. O ser que sofre não necessita que lhe orientem “como sofrer”.
Este “como sofrer” que a sociedade quer nos impor é somente uma forma desumana e impiedosa de expor nossos sentimentos de dor à compaixão e piedade alheias – muitas vezes não condizente com a realidade.
Não me enquadro no sofrimento onde o alvoroço é o sinal de exteriorização daquilo que nos toca a alma. Sou sempre traído pelas lágrimas silenciosas que brotam em um momento de dor e sofrimento.
No entanto, respeito toda e qualquer exteriorização desse sentimento.
O grande mal da humanidade é esse desejo ardente de querer homogeneizar as nossas sensibilidades e desejos.
Cada qual tem o direito de escolher o seu caminho, sem se enquadrar em certos perfis culturais como sendo o único certo e aceitável.
Essas amarras culturais muito me tem feito sofrer. Sofro mais ainda por não conseguir desatar os fios que me prendem a essa teia das hipocrisias sociais.
Faço análise psicanalítica há anos. Tento aprender a sofrer pelas razões certas, pois o sofrimento é inerente ao ser humano. Sofrer por não querer me enquadrar às normas sociais falsas e somente para satisfazer à necessidade do outro, é doença, então, estou doente.
Sou um utópico que, apesar de me encontrar na reta final da minha existência, ainda acredito em certos valores que hoje pertencem à história da humanidade.
Sete de abril. Data que me traz recordações dolorosas. Recordações que me trazem muito sofrimento. Não gosto e não quero dividir essas emoções com ninguém. Pertencem somente a mim.
Sete de abril. Quero passar este dia distante de tudo e de todos. Fugir das normas exigidas para provar aquilo que não preciso provar. Quero riscá-lo da agenda alheia.
Só peço que entendam e respeitem a minha maneira de sofrer.
Saudade é a minha oração. Como diz Rubem Alves, “aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno”.

Gabriel Novis Neves
07-04-2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.