Sentimento
intransferível. Cada indivíduo tem a sua maneira de manifestar o sofrimento.
Não
deve, ou não pode ser terceirizado, tampouco compartilhado para gerar
compaixão.
Também
não deve seguir protocolos ou regras impostas por uma sociedade hipócrita que
nos cobra, por exemplo, atitude correta em datas que nos reportam a fatos
dolorosos.
O
silêncio e o recolhimento dentro de si é uma das formas humana de sofrer. O ser
que sofre não necessita que lhe orientem “como sofrer”.
Este
“como sofrer” que a sociedade quer nos impor é somente uma forma desumana e
impiedosa de expor nossos sentimentos de dor à compaixão e piedade alheias –
muitas vezes não condizente com a realidade.
Não
me enquadro no sofrimento onde o alvoroço é o sinal de exteriorização daquilo
que nos toca a alma. Sou sempre traído pelas lágrimas silenciosas que brotam em
um momento de dor e sofrimento.
No
entanto, respeito toda e qualquer exteriorização desse sentimento.
O
grande mal da humanidade é esse desejo ardente de querer homogeneizar as nossas
sensibilidades e desejos.
Cada
qual tem o direito de escolher o seu caminho, sem se enquadrar em certos perfis
culturais como sendo o único certo e aceitável.
Essas
amarras culturais muito me tem feito sofrer. Sofro mais ainda por não conseguir
desatar os fios que me prendem a essa teia das hipocrisias sociais.
Faço
análise psicanalítica há anos. Tento aprender a sofrer pelas razões certas,
pois o sofrimento é inerente ao ser humano. Sofrer por não querer me enquadrar
às normas sociais falsas e somente para satisfazer à necessidade do outro, é
doença, então, estou doente.
Sou
um utópico que, apesar de me encontrar na reta final da minha existência, ainda
acredito em certos valores que hoje pertencem à história da humanidade.
Sete
de abril. Data que me traz recordações dolorosas. Recordações que me trazem
muito sofrimento. Não gosto e não quero dividir essas emoções com ninguém.
Pertencem somente a mim.
Sete
de abril. Quero passar este dia distante de tudo e de todos. Fugir das normas
exigidas para provar aquilo que não preciso provar. Quero riscá-lo da agenda
alheia.
Só
peço que entendam e respeitem a minha maneira de sofrer.
Saudade
é a minha oração. Como diz Rubem Alves, “aquilo que está escrito no coração não
necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica
eterno”.
Gabriel
Novis Neves
07-04-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.