terça-feira, 29 de abril de 2014

Odores

Converso muito com um colega de formação médica holística. O médico direcionado na sua formação acadêmica para uma especialidade de fins lucrativos no mercado do consumo, jamais irá se interessar por temas dessa natureza.
Discutimos, ou melhor, trocamos ideias sem fim sobre esse tema tão sério e que atormenta muita gente.
Traçamos um paralelo entre os animais, as antigas civilizações e as atuais, sobre o cheiro e chegamos a um consenso: os odores têm influência sobre o nosso organismo. Pessoas que pensam assim são consideradas, no mínimo, utópicas.
O mercado, que é o órgão regulador das “vocações médicas modernas”, jamais pensou em orientar um médico a abrir "uma clínica experimental" de cheiros.
Já existem clínicas para internar e tratar apaixonados, o que demonstra que muita gente sofre desse mal.
Tenho certeza que o SUS não tomaria conhecimento desses profissionais e, muito menos, os planos de saúde.
Dos nossos órgãos sensoriais, o olfato, talvez, seja o mais complexo, sendo, inclusive, fator preponderante na reprodução das espécies.
Existem cheiros que jamais esquecemos e que nos trazem boas recordações.
O cheiro das crianças recém-nascidas é especial. Das flores. Da chuva na terra. Das frutas. Do bolo saindo do forno. Da comida do almoço do domingo. Da camisa usada. Do perfume predileto. Do quarto fechado. Do café da manhã.
Existe um cheiro que acho agradável e é muito comum para mim - o do Centro Cirúrgico.
Mas, existem cheiros que não gostaríamos nunca de sentir.
O cheiro das velas de um velório. De uma criança abandonada na rua. O cheiro do choro sentido. Da manhã traiçoeira.
Há cheiros que não dependem do nosso olfato, mas nos causam repugnância. O cheiro da prepotência. Do autoritarismo. Da violência. Da ignorância. Da impunidade e corrupção. E, o maior de todos os cheiros, o da injustiça social.
Ainda existem os cheiros que são bons nos lugares em que são produzidos, como o cheiro do amor.
Os feromônios produzidos no nosso cérebro são os responsáveis pelas lembranças amorosas eternas, explicando os encontros muito importantes na maturidade.
Cheiros culturais eu não discuto. Respeito-os, em homenagem às civilizações que os praticam.
Na verdade, cada um de nós tem o seu cheiro inesquecível.

Gabriel Novis Neves
19-03-2014

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