Converso
muito com um colega de formação médica holística. O médico direcionado na sua
formação acadêmica para uma especialidade de fins lucrativos no mercado do
consumo, jamais irá se interessar por temas dessa natureza.
Discutimos,
ou melhor, trocamos ideias sem fim sobre esse tema tão sério e que atormenta
muita gente.
Traçamos
um paralelo entre os animais, as antigas civilizações e as atuais, sobre o
cheiro e chegamos a um consenso: os odores têm influência sobre o nosso
organismo. Pessoas que pensam assim são consideradas, no mínimo, utópicas.
O
mercado, que é o órgão regulador das “vocações médicas modernas”, jamais pensou
em orientar um médico a abrir "uma clínica experimental" de cheiros.
Já
existem clínicas para internar e tratar apaixonados, o que demonstra que muita
gente sofre desse mal.
Tenho
certeza que o SUS não tomaria conhecimento desses profissionais e, muito menos,
os planos de saúde.
Dos
nossos órgãos sensoriais, o olfato, talvez, seja o mais complexo, sendo,
inclusive, fator preponderante na reprodução das espécies.
Existem
cheiros que jamais esquecemos e que nos trazem boas recordações.
O
cheiro das crianças recém-nascidas é especial. Das flores. Da chuva na terra.
Das frutas. Do bolo saindo do forno. Da comida do almoço do domingo. Da camisa
usada. Do perfume predileto. Do quarto fechado. Do café da manhã.
Existe
um cheiro que acho agradável e é muito comum para mim - o do Centro Cirúrgico.
Mas,
existem cheiros que não gostaríamos nunca de sentir.
O
cheiro das velas de um velório. De uma criança abandonada na rua. O cheiro do
choro sentido. Da manhã traiçoeira.
Há
cheiros que não dependem do nosso olfato, mas nos causam repugnância. O cheiro
da prepotência. Do autoritarismo. Da violência. Da ignorância. Da impunidade e
corrupção. E, o maior de todos os cheiros, o da injustiça social.
Ainda
existem os cheiros que são bons nos lugares em que são produzidos, como o
cheiro do amor.
Os
feromônios produzidos no nosso cérebro são os responsáveis pelas lembranças
amorosas eternas, explicando os encontros muito importantes na maturidade.
Cheiros
culturais eu não discuto. Respeito-os, em homenagem às civilizações que os
praticam.
Na
verdade, cada um de nós tem o seu cheiro inesquecível.
Gabriel
Novis Neves
19-03-2014
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