Quando
criança, na minha cidadezinha um dos cenários que mais me encantava e
estimulava à fantasia, era a falsa ilusão do encontro do céu com a terra.
Ficava horas olhando aquela beleza e, pensando aquilo que crianças pensam.
Fiz
um juramento secreto que quando crescesse, iria caminhar até o encontro
desejado da terra com o céu.
Entraria
com facilidade na casa de São Pedro e conversaria com anjos, santos e arcanjos.
Talvez pudesse encontrar com Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo.
Uma
certeza tinha: jamais encontraria no céu, com o demônio.
Nessa
época não tinha ainda entrado na escola pública formal. A minha educação era
caseira.
Continuava
observando, encantado com o que via e interpretava. Aprendi o que representava
esse cenário, na escola. Fiquei até sabendo que possuía um nome e era uma
ilusão ótica produzida pela distância. Seu nome me decepcionou: linha do
horizonte.
Ensinou
a escola que é uma linha imaginária que todos veem e cada qual a interpreta
motivado pelos seus sentimentos. Apenas, era o máximo da distância da
capacidade da visão humana em captar imagens.
O
pior, quanto mais você caminha em sua direção ela mais se distancia. Nesse
momento me arrependi de ter entrado para a escola, centro destruidor de sonhos.
Nenhuma
outra explicação além dessa; é uma linha imaginária e só.
Anos
depois, lendo" utopia" escrita pelo filósofo uruguaio Galeano, ele
dizia que utopia era como a linha do horizonte. É uma beleza e tão difícil de
encontra-la, porém, há necessidade de sermos utópicos para conquistas até então
inimagináveis para a nossa população.
Não
é coisa de sonhadores, ingênuos, delirantes, mas de pensadores em criarem de
fatos incompreendidos da natureza, soluções para tantos problemas nossos.
Os
utópicos são vistos com desdém pelos pragmáticos e objetivos do ter.
É
um misto de visionário, poeta no sentido pejorativo e sonhador, provavelmente
morador no mundo da lua.
Pobres
rapazes não sabem, que sem o sonho não há vida saudável.
São
os utópicos que transformam sonhos em realidade.
O
mundo precisa de mais utópicos e menos baderneiros.
Enfim,
a linha do horizonte e a utopia servem para nos fazer caminhar descobrindo e
distribuindo os nossos achados.
Caminhar
é preciso.
Gabriel
Novis Neves
25-02-2014
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