quinta-feira, 17 de abril de 2014

Linha do horizonte

Quando criança, na minha cidadezinha um dos cenários que mais me encantava e estimulava à fantasia, era a falsa ilusão do encontro do céu com a terra. Ficava horas olhando aquela beleza e, pensando aquilo que crianças pensam.
Fiz um juramento secreto que quando crescesse, iria caminhar até o encontro desejado da terra com o céu.
Entraria com facilidade na casa de São Pedro e conversaria com anjos, santos e arcanjos. Talvez pudesse encontrar com Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo.
Uma certeza tinha: jamais encontraria no céu, com o demônio.
Nessa época não tinha ainda entrado na escola pública formal. A minha educação era caseira.
Continuava observando, encantado com o que via e interpretava. Aprendi o que representava esse cenário, na escola. Fiquei até sabendo que possuía um nome e era uma ilusão ótica produzida pela distância. Seu nome me decepcionou: linha do horizonte.
Ensinou a escola que é uma linha imaginária que todos veem e cada qual a interpreta motivado pelos seus sentimentos. Apenas, era o máximo da distância da capacidade da visão humana em captar imagens.
O pior, quanto mais você caminha em sua direção ela mais se distancia. Nesse momento me arrependi de ter entrado para a escola, centro destruidor de sonhos.
Nenhuma outra explicação além dessa; é uma linha imaginária e só.
Anos depois, lendo" utopia" escrita pelo filósofo uruguaio Galeano, ele dizia que utopia era como a linha do horizonte. É uma beleza e tão difícil de encontra-la, porém, há necessidade de sermos utópicos para conquistas até então inimagináveis para a nossa população.
Não é coisa de sonhadores, ingênuos, delirantes, mas de pensadores em criarem de fatos incompreendidos da natureza, soluções para tantos problemas nossos.
Os utópicos são vistos com desdém pelos pragmáticos e objetivos do ter.
É um misto de visionário, poeta no sentido pejorativo e sonhador, provavelmente morador no mundo da lua.
Pobres rapazes não sabem, que sem o sonho não há vida saudável.
São os utópicos que transformam sonhos em realidade.
O mundo precisa de mais utópicos e menos baderneiros.
Enfim, a linha do horizonte e a utopia servem para nos fazer caminhar descobrindo e distribuindo os nossos achados.
Caminhar é preciso.

Gabriel Novis Neves
25-02-2014

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