terça-feira, 29 de abril de 2014

IDOSAS ADOLESCENTES

Nessas minhas andanças pelo Brasil, tive, mais uma vez, uma das minhas muitas e agradáveis surpresas.
Emocionante o pulsar da força da vida que, apesar da idade avançada, leva pessoas destemidas aos mais distantes rincões da terra.
Sentaram-se ao meu lado no avião duas lindas e entusiasmadas senhorinhas, uma de 85 e outra de 92 anos de idade.
Portavam-se como jovens adolescentes, não só pelo brilho do olhar, mas, principalmente, pelo preparo físico, mental e emocional que aparentavam. Eufóricas com o início de uma nova aventura.
Imediatamente fiquei fascinado por aquelas duas figuras. Puxei conversa e, simpaticamente, começaram a conversar comigo como se amigos fôssemos há muito tempo.
Contaram-me então que adoram jogar em máquinas eletrônicas e que, em virtude de não termos mais esse divertimento no Brasil, passaram a viajar mensalmente para cassinos próximos, onde podiam dar vazão aos seus desejos.
Dessa feita, rumavam para a Foz do Iguaçu onde se hospedariam no hotel cassino, junto à fronteira com a Argentina. O motivo da euforia – pensei comigo.
Falaram-me de suas experiências em todos os paraísos de jogatina próximos  ao nosso país, tais como: os de Buenos Aires, Mar Del Plata, Chile e, com maior frequência,  o mais badalado da América Latina, o de Punta Del Este.
O que mais me impressionou nessas meninas foi a beleza do olhar, coisa rara nessa faixa etária.
Ajudavam-se mutuamente. A mais jovem – menina de 82 anos - estava sempre atenta a todo e qualquer movimento da mais idosa, inclusive, acompanhando-a ao toalete sempre que necessário.
Fiquei imaginando o quanto somos capazes de rejuvenescer dependendo dos estímulos que nos movem.
Detectei que, não só o amor físico é o grande motivador da vida, mas também um intenso interesse por qualquer outra atividade, seja ela qual for, pode ser o elo que desmistifica as tão faladas agruras da velhice.
Enfim, foi uma viagem inesquecível para mim. Inesquecível por perceber que ainda consigo me encantar com o encantamento alheio.
Que maravilha o mundo se todos descobrissem a tempo como a vida é bela se vivida sem medos!
O medo da morte iminente é o grande estagnador da pulsão de vida.
Einstein tinha razão quando dizia “que a vida não se apieda, não dá nem empresta, apenas nos devolve o que damos a ela”.

Gabriel Novis Neves
06-03-2014

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