quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Traição?


A palavra mais ouvida nas primeiras horas do ano novo em Cuiabá foi - traição!
Santa inocência!
Em política não existe traição, tampouco fidelidade partidária. A lei maior é: cada um que cuide dos seus interesses pessoais e o povo que se exploda.
Esse xim-xim-xim refere-se aos acontecimentos relacionados à eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá.
O enredo da história é maravilhoso para quem aprecia arte dramática.
Tudo começou com a renúncia do vice, que não divulgou seu real motivo por questões éticas. Seguido do convencimento de dois vereadores do partido do prefeito eleito: promessas compensadoras para o lobista e farta distribuição de sacolas de Papai Noel atrasado.
Em jogo: patrocínio de programas de televisão, pagamento de contas atrasadas em farmácia, dívidas de campanha e segurança de financiamento de eleições majoritárias para o Senado, além das boquinhas na Casa do Povo.
Todo esse “diz que diz” chegou em boa hora para o governo do Estado, pois assim desvia o foco das atenções para ele. Explico: há dois anos o governo prometeu à Presidente da República que Cuiabá estaria em condições de sediar os jogos pela Copa das Confederações em junho deste ano.
Os holofotes agora estão virados para a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal. O povo quer uma explicação.
Até o ex-partido da ética ainda não explicou como entrou nesse balaio de gatos, de patas dadas com o DEM e PSDB - seus arqui-inimigos - em detrimento do aliado PSB de Eduardo Campos.
Nada me surpreende mais em política quando os maiores líderes do governo federal são o Collor, o Renan, o Jader e o Sarney!
O que foi novidade para a nossa população foi o clima de constrangimento na posse do novo prefeito.
Nunca, jamais, em tempo algum, aconteceu algo semelhante! O clima estava mais para velório que para festa.
Pedidos de satisfações não atendidos - com relação à mudança de caráter feito por uma mãe a favor do seu filho.
Repúdio e ameaças sofridas pelo senador baixinho - por causa do seu discurso na posse - por um deputado federal.
E o triste espetáculo da falta de sorrisos, de sorrisos amarelos e de cabeças envergonhadas olhando para baixo.
Muito contribuiu para essa reflexão o tema “Tiradentes” na fala do senador.
Após a posse do novo prefeito, com a garupa vazia por motivos óbvios da renúncia do seu vice, e em um ambiente de apreensão, seguiram-se as posses de alguns secretários.
A consternação era geral e a cerimônia foi logo encerrada oficialmente.
Os Inconfidentes foram comemorar a vitória em um elegante restaurante de um hotel de luxo, já por conta dos cofres públicos, com certeza.
Novo espetáculo foi montado, tendo como animadora uma senhora que, aos berros, repreendia o material humano adquirido por ela.
“Vocês erraram” - gritava. “Não deveriam deixar o senador de Rosário-Oeste discursar. Ele acabou com vocês. Vocês foram desmoralizados por ele.”
Todos os ouvintes baixaram as cabeças.
E a senhora continuou: “- Covardes! Se eu fosse adivinha, não seria tão generosa na distribuição das sacolas de presentes”.
Os Inconfidentes ouviram a descompostura em silêncio sepulcral. Eles tinham motivos para assim procederem. Eram as tais coisas adquiridas que o senador se referiu no seu discurso.
Assim começou mais um ano político nesta velha capital, cada vez com menos perspectivas de dignidade.
Está tudo dominado.
Nossa esperança é o aparecimento de um Joaquim Barbosa por estas bandas para arrumar a casa.

Gabriel Novis Neves
02-01-2012

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