"Mato
Grosso contribui com 66% do superávit comercial do Brasil". O governador
do Estado comemorou o feito dos nossos trabalhadores e salientou a pujança e a
força da nossa economia.
Ficamos
sabendo que Mato Grosso "registra o menor crescimento na liberação de
recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no
Centro Oeste".
Outra
informação importante ao desenvolvimento do nosso Estado: "do total
de R$ 500,4 milhões em emendas da bancada federal de Mato Grosso, com empenho
de apenas R$ 27.6 milhões, nada havia sido pago até o dia 14 de dezembro".
Resumindo:
o governo de Mato Grosso manda uma montanha de dinheiro para Brasília e, graças
ao prestígio dos nossos políticos, recebemos como contrapartida a queda do
volume dos recursos do BNDES para o Estado. A União não liberou nem os cortes
das emendas dos nossos parlamentares.
Acredito
que o governo federal está muito bem informado sobre a nossa economia e como investimos
toda essa grana de excesso de arrecadação no desenvolvimento do Estado pujante.
O
governo patrocinou agora o aumento dos seus funcionários, como manda a lei.
Para
o pessoal do Poder Executivo o aumento foi em média de 7%, superior à inflação.
Já
para o Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público,
Tribunal de Contas e Defensoria Pública, a média da reposição foi de 21%, ou
seja, três vezes mais que a dada aos servidores do executivo do governo do
Estado.
Antigamente
esses aumentos eram chamados de trem da alegria, privilégio para poucos. Era
também conhecido por aumento “Maria Candelária” nas marchinhas carnavalescas.
Enquanto
isso, a remuneração dos professores, pessoal da saúde e segurança pública ficou
muito distante desse seleto grupo de servidores especiais.
Resultado desse investimento só no ápice da pirâmide do poder: um Estado
atrasado e subserviente.
Parece
não mais nos envergonhar os índices constrangedores da nossa educação, em
franca produção de analfabetos funcionais.
Nossa
saúde pública totalmente sucateada e desonesta no trato com seres humanos
fragilizados.
O
alarmante número de jovens moradores de rua e dependentes químicos, sem sinal
da presença do Estado rico de economia pujante.
Um
ínfimo numero de policiais para tomar conta de um Estado de dimensões
continentais, com enormes faixas de fronteira sem fiscalização, num convite
para o comércio internacional de drogas ilícitas.
O
Brasil conquistou o primeiro lugar entre as nações consumidoras de crack.
A
infra estrutura para escoar a nossa produção agrícola é a pior do Brasil.
O
rico Estado pobre não possui políticas sociais, levando precocemente à
degeneração a nossa sociedade.
A
nossa capital é a mais feinha e com menos equipamentos sociais do que qualquer
outra brasileira.
É
a única capital em que o governo do Estado não possui seu Hospital de Clínicas.
A
distribuição de rendas nesta terra é muito esquisita e o governo federal,
talvez por isso, não manda os recursos a que temos direito.
O
governo quer tranquilidade, não quer ser questionado sobre certos
investimentos, motivo pelo qual tem sido de extrema generosidade para com seus
pares, que têm a missão constitucional de questioná-lo e fiscalizá-lo.
Para
conseguir essa tranquilidade passageira, nada como uma alimentação rica em
nutrientes, propícia à sonolência pós-prandial.
O
governo não quer ser incomodado pelos órgãos de controle e fiscalização.
Quem
paga o pato são crianças sem futuro, pois lhes é negado a educação.
As
filas quilométricas para atendimento médico, abreviando com essa espera
centenas de vidas.
A
violência e a impunidade não são combatidas, e segurança do cidadão inexiste.
Com
essa desarrumação social em que vivemos, é proibido pensar no futuro.
Mesmo
com a perfumaria das obras da Copa, a nossa população está temerosa com relação
ao nosso amanhã.
Rico
Estado pobre.
Gabriel Novis Neves
05-01-2013
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