quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Rico Estado pobre


"Mato Grosso contribui com 66% do superávit comercial do Brasil". O governador do Estado comemorou o feito dos nossos trabalhadores e salientou a pujança e a força da nossa economia.
Ficamos sabendo que Mato Grosso "registra o menor crescimento na liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Centro Oeste".
Outra informação importante ao desenvolvimento do nosso Estado: "do total de R$ 500,4 milhões em emendas da bancada federal de Mato Grosso, com empenho de apenas R$ 27.6 milhões, nada havia sido pago até o dia 14 de dezembro".
Resumindo: o governo de Mato Grosso manda uma montanha de dinheiro para Brasília e, graças ao prestígio dos nossos políticos, recebemos como contrapartida a queda do volume dos recursos do BNDES para o Estado. A União não liberou nem os cortes das emendas dos nossos parlamentares.
Acredito que o governo federal está muito bem informado sobre a nossa economia e como investimos toda essa grana de excesso de arrecadação no desenvolvimento do Estado pujante.
O governo patrocinou agora o aumento dos seus funcionários, como manda a lei.
Para o pessoal do Poder Executivo o aumento foi em média de 7%, superior à inflação.
Já para o Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública, a média da reposição foi de 21%, ou seja, três vezes mais que a dada aos servidores do executivo do governo do Estado.
Antigamente esses aumentos eram chamados de trem da alegria, privilégio para poucos. Era também conhecido por aumento “Maria Candelária” nas marchinhas carnavalescas.
Enquanto isso, a remuneração dos professores, pessoal da saúde e segurança pública ficou muito distante desse seleto grupo de servidores especiais.

Resultado desse investimento só no ápice da pirâmide do poder: um Estado atrasado e subserviente.

Parece não mais nos envergonhar os índices constrangedores da nossa educação, em franca produção de analfabetos funcionais.
Nossa saúde pública totalmente sucateada e desonesta no trato com seres humanos fragilizados.
O alarmante número de jovens moradores de rua e dependentes químicos, sem sinal da presença do Estado rico de economia pujante.
Um ínfimo numero de policiais para tomar conta de um Estado de dimensões continentais, com enormes faixas de fronteira sem fiscalização, num convite para o comércio internacional de drogas ilícitas.
O Brasil conquistou o primeiro lugar entre as nações consumidoras de crack.
A infra estrutura para escoar a nossa produção agrícola é a pior do Brasil.
O rico Estado pobre não possui políticas sociais, levando precocemente à degeneração a nossa sociedade.
A nossa capital é a mais feinha e com menos equipamentos sociais do que qualquer outra brasileira.
É a única capital em que o governo do Estado não possui seu Hospital de Clínicas.
A distribuição de rendas nesta terra é muito esquisita e o governo federal, talvez por isso, não manda os recursos a que temos direito.
O governo quer tranquilidade, não quer ser questionado sobre certos investimentos, motivo pelo qual tem sido de extrema generosidade para com seus pares, que têm a missão constitucional de questioná-lo e fiscalizá-lo.
Para conseguir essa tranquilidade passageira, nada como uma alimentação rica em nutrientes, propícia à sonolência pós-prandial.
O governo não quer ser incomodado pelos órgãos de controle e fiscalização. 
Quem paga o pato são crianças sem futuro, pois lhes é negado a educação.
As filas quilométricas para atendimento médico, abreviando com essa espera centenas de vidas.
A violência e a impunidade não são combatidas, e segurança do cidadão inexiste.
Com essa desarrumação social em que vivemos, é proibido pensar no futuro.
Mesmo com a perfumaria das obras da Copa, a nossa população está temerosa com relação ao nosso amanhã.
Rico Estado pobre.

Gabriel Novis Neves
05-01-2013

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