“O
carnaval é a maior expressão da cultura popular
brasileira”, assim observou Eduardo Portela numa das suas visitas à UFMT.
Este
ano a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira homenageará Cuiabá no
desfile da Sapucaí no Rio de Janeiro.
A
poucos dias da festança lá e cá há um silêncio sepulcral sobre esse
acontecimento.
Aqui,
porque mudou a administração da cidade, e o orçamento da secretaria de turismo
é invisível, não permitindo nenhuma ação comemorativa da nossa cultura.
No
Rio, porque essa arrumação é iniciativa do governo passado, e o atual quer
primeiro saber em quanto anda o cronograma financeiro da “homenagem.”
“Cuiabá, um Paraíso no Centro da América!”
Este será o enredo da Estação Primeira de Mangueira. O seu samba tem como
autores: Lequinho, Junior Fionda, Paulinho Carvalho e Igor Leal, e como
intérpretes: Luizito, Zé Paula de Siena, Ciganerey e Agnaldo Amaral.
“Ouçam o apito da sirene indicando que o trem
verde e rosa vai dar a partida. Não cuiabanos! Não se trata da máquina de ferro
e aço que há 150 anos é esperada ansiosamente, mas, quando a cortina de fumaça
dos fogos de artifício se abrir e a penumbra se dissipar na Sapucaí, todos
entenderão que o sonho é a verdadeira vitória sobre o tempo. Alegrai-vos,
cuiabanos. O tempo da espera acaba aqui e agora!”
Este
é o texto que a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
(LIESA-RJ), distribui ao mundo anunciando a presença de um “Paraíso no Centro
da América, - Cuiabá!”
Cid
Carvalho, carnavalesco da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, esteve
duas vezes em Cuiabá, pesquisando a “liga” para a Mangueira chegar aqui.
Segundo
a LIESA Cid Carvalho “Ficou impressionado com essa espera angustiante por um
trem que simbolizava a integração da cidade ao resto do país”. E ainda
acrescenta que “No encontro com o escritor cuiabano Fernando Tadeu, autor do
livro “Sonhos e Esperanças de Cuiabá,” que detalha os diversos obstáculos
geográficos e financeiros que impediram a construção da malha ferroviária e a
chegada do trem do desenvolvimento, Cid fez-lhe uma promessa: ‘A espera acabou.
Esse trem é a Mangueira, que partirá da Estação Primeira levando a sua alegria
até Cuiabá’. Tadeu se emocionou”.
A
LIESA destaca também o comentário de Cid Carvalho de que “Até hoje, o trem é o
brinquedo predileto de meninos e adultos que já foram meninos. É um símbolo que
está presente em cada família cuiabana”, e que, o mesmo promete “empreender uma
viagem levando um trem de bambas até a cidade considerada o portal de acesso ao
Pantanal, à Amazônia, ao Cerrado e a Chapada dos Guimarães – enfim, ao Paraíso
no Centro da América.”
Nas
várias das comunicações a LIESA lembra que “Folclore, culinária, a envolvente
dança do Siriri não faltarão”, ficando para o final das estações o anúncio de
Cuiabá como uma das sedes da Copa de 2014, e que tudo isso promete no
desenrolar “uma animada partida, onde o tatu é a bola, a cigarra é o juiz, o
tamanduá é a bandeira e o craque é a cobra. Os locais enfrentarão o time da
Rosa e Verde".
A
letra do samba enredo é de uma beleza suave, ao refletir a natureza, e trazer o
verde e rosa das casas, redes e varandas cuiabanas da Vila Real do Senhor Bom
Jesus de Cuiabá.
Nas
estrofes os mistérios, as lendas, as assombrações, o vapor, o apito, e os
“causos” que inspiram a arte, a poética, e fornecem o doce dos temperos.
No
contexto, um convite para comemorar com São Benedito a chegada do trem do
desenvolvimento, esperado por Cuiabá e, por que não dizer?, por uma grande
parte das cidades de toda América do Sul.
Por
fim, concluo com Mikhail Bakhtin de que realmente “durante o carnaval é a
própria vida que representa, e por um certo tempo o jogo se transforma em vida
real. Essa é a natureza específica do carnaval, seu modo particular de
existência”.
Gabriel Novis Neves
20-01-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.