domingo, 6 de janeiro de 2013

Inutensílios


Uma sociedade mais justa - desejo da grande maioria dos mortais - teria que ser basicamente fundada no despojamento.
Não o despojamento franciscano apregoado pela religião, mas um desapego ao supérfluo que povoa os nossos desejos.
Desde muito cedo em nossas vidas, principalmente nas classes abastadas, cobrimos os filhos e familiares com bens materiais em quantidade desnecessária, na esperança de que assim os faremos mais felizes e mais orgulhosos de seus protetores.
As pessoas se tornaram acumuladoras de inutensílios. O pior é que passaram a dar mais valor ao TER do que ao SER.
Ao longo da vida nos damos conta de que o bem afetivo nos faz mais falta do que o material.
Isso é facilmente comprovado nas classes economicamente menos favorecidas, em que a solidariedade e o carinho são muito mais explicitados.
Coisas são sempre coisas, descartáveis, e geralmente perdem a importância assim que as possuímos. Passamos a querer mais e mais, sempre esperançosos na quantidade de felicidade que elas nos podem trazer.
Esquecemo-nos que, como integrantes do universo e com ele conectados, jamais seremos possuídos por inutensílios. Ao contrário. Assim como as estrelas, somos feitos de átomos de carbono e interligados uns aos outros numa irmandade química, que só deixará de existir com a destruição da própria terra.
Seria uma boa reflexão se começássemos a nos ater a estes fatos e a lutar pelo bem estar uns dos outros, e não, a esta busca desenfreada pelo acúmulo, que só nos leva à pobreza moral e ao desencanto com a própria existência.
Isso não é utopia.

Gabriel Novis Neves
24-12-2012

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