Olho
com muita desconfiança o enorme sucesso das lutas MMA nos dias atuais.
Sempre
me remeto, nessas ocasiões, ao Coliseu Romano, onde eram realizados vários
jogos, em especial o combate entre gladiadores. A multidão, sedenta de sangue,
delirava tanto mais quanto maior fosse a violência.
De
uma forma mais refinada, os sentimentos da plateia verificados atualmente no
transcorrer daquelas lutas, são mais ou menos os mesmos.
Importante
notar que esses eventos são considerados esportivos e envolvem grande
quantidade de dinheiro e, em razão disto, são fortemente divulgados por todas
as mídias.
Num
momento em que os homens passam por grandes transformações culturais e
estéticas, já se preocupando com cremes, perfumes, plásticas, rejuvenescimento,
enfim com o aparecimento do chamado homem metrossexual, o sucesso entre as
mulheres dos lutadores do vale tudo talvez tenha um significado bem mais
profundo.
No
imaginário feminino essas criaturas, portadoras de grande fascínio, simbolizam
o resgate do verdadeiro homem primitivo.
Isso
justifica a grande plateia feminina nesses embates, sempre muito mais veemente
que a masculina na sua histérica torcida.
No
dia a dia os seus parceiros pertencem aos mais diversos estereótipos, sejam
eles, os homens rolha (sofisticados conhecedores de vinho), homens gourmets
(sempre preocupados com harmonizações alimentares e etílicas), homens horta
(plantam seu próprio manjericão para fazer a massa perfeita), homens grito de
Ossanha (diz que vai, mas não vai), homens umbigo (cujo horizonte não vai além
do próprio umbigo), enfim, frutos da grande revolução sexual dos anos 60.
Por
outro lado, aquele que se entrega aos seus mais primitivos instintos, é o
animal que todos nós queríamos ser, e representa o vitorioso nas lutas diárias
da vida.
Ele,
com certeza, pode dar os socos que não damos, demonstrar a ira que não extravasamos,
praticar a violência que o nosso racional não permite que ocorra.
Sob
esse aspecto, essas lutas validam o nosso lado animal. Isso explica o grande
sucesso desses embates na humanidade.
Os
participantes dessas práticas, não raro, se tornam ao passar dos anos
portadores de lesões cerebrais graves, mas, é claro, isso é um mero
"detalhe".
Gabriel Novis Neves
10-01-2013
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