A
iniciativa da Câmara de Vereadores encaminhando para a justiça decidir sobre a
validade de um ato da legislatura passada, e a posição do prefeito sobre as
consequências da anulação dessa decisão, tornou-se assunto obrigatório em todas
as rodas da nossa cidade.
Interesso-me
pelas coisas da minha cidade ouvindo sempre a sabedoria das ruas, pois ruas não
falam, mandam recados.
Enquanto
esperava-se a decisão da justiça sobre o aumento do IPTU, a expectativa ficou
focada na construção do novo Pronto Socorro.
Qualquer
sistema eficiente de saúde funciona como uma pirâmide de bases alargadas.
No
seu vértice é obrigatório um Hospital de Clínicas com Pronto Socorro.
A
presença do hospital não é sinal de eficiência no atendimento médico, porém a
sua ausência em um polo que atende pacientes de todo o Estado, é inadmissível.
Os
políticos gostam de atacar os problemas históricos da má qualidade da nossa
assistência médica pública começando o processo pelo topo da pirâmide, que é o
hospital.
Na
verdade, há uma hierarquia no nosso modelo de atendimento – Sistema Único de
Saúde (SUS).
Temos
que construir uma ampla base chamada de Atenção Primária de Saúde. Nessa faixa
deve-se perseguir o atendimento universal. Para isso precisamos, em primeiro
lugar, de profissionais de saúde treinados, motivados e qualificados, com
perfis técnicos para essa importante missão.
As
equipes têm que ser multidisciplinares e os critérios das escolhas deverão ser
por mérito, através de concursos públicos.
O
governo fornecerá espaços físicos adequados e equipados, além de equipes de
trabalhadores de saúde em condições de resolutividade neste estágio primeiro do
sistema de saúde.
É
o local dos Postos de Saúde e PSF (Programas Saúde da Família).
O
segundo patamar refere-se aos atendimentos de atenção secundária, como a
internação para patologias mais simples, pequenas intervenções cirúrgicas,
exames de imagens e bioquímicos, observação para esclarecimento diagnóstico.
Teremos
adequadas estruturas físicas para as Policlínicas e Unidades de Pronto Atendimento
Médico e Social (UPAs), funcionando 24 horas por dia.
Com
atenção primária e secundária funcionando, o índice de resolutividade dos
problemas será de 80%.
Finalmente,
será transferido para o Hospital de Clínicas e Pronto Socorro aquele paciente
que precisa de procedimentos mais complexos.
Lá
encontrará os especialistas, centros cirúrgicos com tecnologia de ponta e UTIs.
Como
o nosso prefeito decidiu, com orientação da Procuradoria de Justiça do
Município, não aumentar o valor do IPTU para este exercício, fica a pergunta no
ar – haverá recursos para a construção de um novo Hospital e Pronto Socorro
para Cuiabá?
O
prefeito deverá reunir-se com o seu secretário de saúde e decidir estratégias
de como melhorar a nossa debilitada saúde pública com os recursos existentes.
Se
a estratégia tomada for de iniciar a melhoria do serviço pelo “início”, que é a
atenção básica, acredito que logo teremos reflexos de melhora em todo o
sistema, sem necessidade dos recursos aumentados do IPTU.
Quando
estiver funcionando os Postos de Saúde, PSFs, as Policlínicas e UPAS (Unidades
de Pronto Atendimento Médico e Social), o velho Hospital e Pronto Socorro de
Cuiabá respirará sem aparelhos.
O
prefeito receberá da sua assessoria técnica todas as alternativas, pois a
decisão do caminho a ser seguido sempre é função do político.
Com
a decisão de deixar para lá o aumento do IPTU e enfrentar já a realidade da
nossa saúde pública com a contratação de 60 médicos, deixa-me a esperança de
que os problemas serão resolvidos, aplicando a economia doméstica, ciência dos
sábios.
Gabriel Novis Neves
17-01-2013
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