terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Natal passado


Propalam-se alegria e felicidade no Natal em regozijo ao nascimento do nosso Salvador - assim reza a tradição.
A realidade, porém, é bem diferente nos dias atuais.
Ruas e avenidas que dão acesso aos shoppings, lojas e comércio em geral, ficam com o trânsito engarrafado, dificultando e estressando aqueles que precisam trabalhar.
Como a cidade de Cuiabá cresceu ao Deus dará, temos hospitais, centros de diagnósticos, pronto atendimentos, localizados numa verdadeira miscelânea, que fica mais evidente por ocasião das festas comerciais.
Multidões de consumidores invadem as lojas, enquanto as igrejas, onde se reza a Jesus, ficam às moscas - muitas vezes com as suas portas fechadas para proteger as suas relíquias dos assaltantes.
A nossa algoz sociedade, em ato de caridade, distribui aos menos favorecidos lembrancinhas inúteis e sobras de comida.
Pobre nação que deturpa os princípios da religiosidade do seu povo em nome da religião! Que não deixa de ser uma forma autoritária de temer a Deus.
Alguns dirão que o Natal é assim no mundo inteiro desde que o mundo é mundo.
Nada mais falso. As estatísticas da Federação do Comércio demonstram que a cada ano, mesmo com as atuais crises mundiais na economia, as vendas sempre aumentam neste período, proporcionando grandes lucros aos empresários.
Como festa comercial, o Natal comprovou que é um sucesso de consumo, sendo ameaçado, e até ultrapassado, pelo profano “Dia das Mães”.
A sociedade condena as pessoas que agem fora do gabarito das suas festas comerciais. A religiosidade mostra aos fiéis o caminho da salvação, que passa necessariamente pelo permanente amor ao próximo.
Assistindo hoje ao tipo de celebração em que se transformou o Natal, fico pensando nos Natais de minha meninice e juventude. A pureza e o espírito de união marcavam essa data. Rezava-se em família pelo Menino Jesus.
Hoje, não. O consumismo desenfreado tomou conta do espírito de Natal. A festa culmina com o triste espetáculo da troca de etiqueta dos presentes, os únicos valores válidos no dia que ficou dedicado à comilança e bebedeira.
Dessa forma esta data, em vez de agregar, separa as classes sociais e transforma-se, facilmente, em um momento propício para o afloramento das antigas infelicidades minimizadas pelo tempo.
O resultado desse modernismo, que ocasiona lucros aos comerciantes explorando a religiosidade da nossa gente, é projetado na sociedade na forma de transtornos emocionais como depressões, sentimentos de culpa e a melancolia, tal qual um hipnotizador que nos leva a revisar o nosso inconsciente - depósito das nossas vivências boas ou más.
O Natal já foi uma celebração da família, hoje dizimada pela impulsão do TER, fator de desagregação - nunca de união -, especialmente a familiar.
Quisera eu ter o poder de fazer voltar o verdadeiro Natal! Aquele em que celebramos os valores imateriais. Em uma fraternal homenagem a este espírito iluminado que desceu à Terra para nos mostrar o verdadeiro caminho para a felicidade.

Gabriel Novis Neves
20-01-2013

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