Há
um tempo perguntei a um antigo e tarimbado jornalista, editor do jornal mais
lido da cidade, qual a seção preferida pelos leitores.
Sem
pensar ele me respondeu: “horóscopo”.
Fiquei
surpreso. Imaginava que política, futebol e coluna social seriam os vencedores
dessa pesquisa empírica.
Os
anos se passaram e, quase ao “dobrar o cabo da boa esperança,” comecei a
escrever para jornais.
Todas
as vezes que encaminho os meus artigos para a redação lembro-me do velho
jornalista.
Os
adversários que havia escolhido – política, futebol e sociedade, continuam
fortíssimos concorrentes para um articulista amador.
Imagino
ter que enfrentar uma coluna que advinha o futuro das pessoas baseado no estudo
do sol, da lua e dos planetas!
Com
uma atração irresistível na pátria das superstições, quem teria ainda tempo
disponível para uma olhadela na seção dos articulistas?
Iniciei
então a prestar atenção nas pessoas que leem horóscopo através de perguntas
discretas, porém especulativas.
Sem
o apoio de qualquer instituto de pesquisa, fiquei impressionado com o número
elevado de leitores que mantém o hábito de consultar o seu futuro antes das
manchetes dos jornais.
Eu
mesmo me descobri um dependente na leitura dessas diárias previsões, seja no
trabalho, no amor ou saúde.
Interessante,
é que o leitor do horóscopo não comenta o seu prognóstico do dia, a não ser
para pessoas da sua mais absoluta confiança.
A
futurologia, mesmo sendo considerada uma ciência astrológica, sofre tremenda
discriminação dos materialistas.
Politicamente
não é correto falar sobre esse assunto, embora seja o predileto dos políticos.
Na
Bahia, o horóscopo do dia corre três vezes: manhã, tarde e noite – nos moldes
do jogo do bicho.
O
enorme sucesso dessa leitura é que ela é curta e o seu esquecimento é imediato,
não alugando massa encefálica.
Pelo
menos comigo é assim. Leio com atenção o que os astros dizem e, no final da
leitura do jornal, não me lembro mais das recomendações
Dia
desses recebi um telefonema de um colega exultante com a leitura do meu
horóscopo.
Enquanto
ouvia a leitura sobre o meu futuro, esforçava-me para lembrar daquilo que tinha
lido cedo no meu jornal.
A
felicidade do meu colega me contagiou, não sobre o planejamento traçado pelos
astros para este complemento de tempo, mas por saber que tenho amigo.
Reconheci
no telefonema um especial amigo, embora já tivesse esquecido, ao desligar o
telefone, a previsão do meu horóscopo.
Gabriel Novis Neves
16-01-2013
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