Onde
está aquele aviãozinho que apareceu por aqui na semana da eleição?
Aquele
mesmo que, segundo a imprensa, estava em um hangar no interior do Paraná e foi
comprado pelo Brasil para fiscalizar as nossas fronteiras e assim dificultar o
tráfico de drogas da Bolívia para Mato Grosso.
Todo
o governo se mobilizou para recepcionar a pequena aeronave não tripulada e
invisível que chegou à Cuiabá acompanhada por volumosa comitiva de Brasília,
chefiada pelo Vice-Presidente da República. Lá estavam também o Ministro da
Defesa, autoridades civis e militares, além de um pelotão de soldados treinados
para o combate ao narcotráfico.
Após
as cerimônias protocolares no puxadinho do Aeroporto de Várzea Grande, com
filmagens e entrevista à imprensa, a comitiva se deslocou para a cidade de
Cáceres.
Ninguém
mais teve notícia da festa do aviãozinho não tripulável e invisível, e a paz
voltou a reinar entre nós.
Era
o cumprimento de promessa da campanha presidencial de 2010, já que o combate ao
narcotráfico e a fiscalização das nossas vulneráveis fronteiras é função
constitucional do governo federal.
Tempos
atrás, a nossa secretaria da Copa foi à Rússia e comprou, e pagou adiantado, o
valor equivalente a dez jipes para esse trabalho de fiscalização das nossas
fronteiras.
Esta
transação deu o maior rolo com a justiça; os jipes lands rovers não chegaram,
mas o dinheiro, até agora que é bom, não foi devolvido para o seu devido lugar,
que é o cofre público.
Fomos
surpreendidos - com menos de uma semana da festa do aviãozinho do governo
federal - com uma notícia preocupante, mas tão comum nos nossos dias.
Um
pequeno avião boliviano, comandado por um piloto boliviano, realizou um pouso
forçado em uma fazenda muito próxima a Cuiabá por falta de combustível.
O
avião do narcotráfico é visto até a olho nu, e facilmente detectável pela mais
primária torre de controle de um modesto aeroporto do interior do Brasil.
Não
é que ele não foi observado pela ‘sofisticada’ torre de controle de um dos
aeroportos da Copa do Mundo?
Por
muito pouco o avião boliviano não pousa tranquilamente em Cuiabá.
Pelo
visto, o avião invisível não está nas nossas fronteiras, mas ninguém explicou
ainda nada sobre o motivo da sua retirada extemporânea.
A
verdade é que o pequeno e velho avião boliviano transportava quatrocentos
quilos de droga para abastecer o mercado interno e o internacional.
Enquanto
isso, os bandidos organizados, diariamente, dominam uma cidade do nosso
interior, espalhando a morte e o medo nos ruralistas que produzem a riqueza
deste Estado.
Bancos
são invadidos e os clientes feitos de escudo humano aos criminosos.
O
número de mortes produzidas pela violência em Cuiabá atingiu níveis alarmantes.
Percentualmente, a nossa capital está classificada entre as cinco cidades com o
maior índice de criminalidade do Brasil. O principal fator dessa desgraça
social é o tráfico de entorpecente.
O pior que nenhuma providência é adotada pelo governo, que conta com um número
reduzido de combatentes ao narcotráfico. As políticas públicas direcionadas ao
mal do século, ainda estão em estado gasoso com fortes tendências a se
transformarem no nada.
Por muito menos, notícias como essas são divulgadas pela mídia internacional,
exigindo providências da ONU e ameaça de intervenção.
O
caos está instalado no Estado da Copa, impotente de uma ação propositiva, na
luta contra o crime.
A
população não suporta mais trabalhar, pagar pesados impostos e não receber nem
a paz como contrapartida.
Será
que estamos à beira de uma intervenção pelas tropas da Força Nacional em Mato
Grosso?
Motivos
não faltam.
Gabriel
Novis Neves
10-11-2012
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