domingo, 4 de novembro de 2012

A SOLIDÃO E A COMUNHÃO


É sempre muito temerário rotular algumas pessoas que moram sozinhas como solitárias.
Na maioria das vezes elas são companhias bastante completas para si mesmas, seja através de seus pensamentos, seja através da sua capacidade de introspecção, o que lhes proporciona um grande prazer de viver.
Além de tudo há de ressaltar a grande coragem de que são portadoras, pois somente com liberdade afetiva teremos alguma chance de acertar nas nossas escolhas.
Os que precisam de um permanente estado de comunhão, a qualquer custo, erram com muito mais frequência nessa busca.
É preciso não esquecer que chegamos sozinhos a esse paraíso que é a vida, e que dela partiremos também sozinhos.
Somente através da verdadeira união amorosa conseguimos nos sentir acompanhados por alguns poucos momentos.
Não é por acaso que tanto se fala da solidão a dois nos casamentos muito prolongados, em que nada mais une aquelas pessoas a não ser a convenção social.
A parcela agregada da humanidade, aliás, majoritária, tem um imenso compromisso com a comunhão.
Fatores sociais, econômicos, familiares e religiosos, através dos tempos vão formando reflexos condicionados que mantêm essa organização.
Há inclusive aqueles que só conseguem um relativo equilíbrio emocional no meio de muita gente, maneira como conseguem aliviar os seus medos e as suas angústias existenciais.
O grande perigo disso é você tentar que o outro seja o único responsável por toda a sua felicidade, o que nunca será possível numa relação de qualquer tipo.
Na natureza, entretanto, os animais sempre se unem em grupos com a finalidade de se tornarem mais fortes para os seus predadores. Os raros exemplares que vivem solitários viram até objeto da observação de poetas e escritores, caso do belo livro “Fernão Gaivota” em que essa solidão é tão bem relatada.
Nietzsche, o grande filósofo, já dizia convicto: “detesto quem tenta se aproximar de mim sem conseguir, entretanto, me fazer companhia”.

Gabriel Novis Neves
27-09-2012

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