quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Eita nós!


O atraso mental de alguns dos nossos governantes chega a ser irritante. Pensam que com a sua visão primária iludem a todos.
Quando o Lúdio ganhou a convenção do seu partido para ser candidato à prefeitura de Cuiabá e, sabendo do acidente que sofri no meu joelho - obrigando-me ao repouso e uso da bengala - veio me fazer uma visita de médico (rápida).
Expliquei que não estava doente, apenas pagando juros pela minha longevidade.
Claro que logo o assunto política aflorou. Perguntou-me o meu bom Lúdio: “E agora”?
Respondi que o candidato vitorioso seria aquele que demonstrasse maior emoção e vontade política para resolver o problema mais caótico da cidade: a saúde pública.
Alertei-o ainda para o fenômeno da “cristianização” - criado nas eleições presidenciais de mil novecentos e cinquenta.
Foi o seguinte: o partido do governo da República, e da maioria dos Estados, fingia que apoiava o seu candidato oficial Cristiano Machado, um honrado deputado federal mineiro.
A oposição (UDN) disputava a presidência da República com o mesmo candidato (Brigadeiro Eduardo Gomes), que havia perdido a eleição anterior para o cuiabaníssimo Eurico Gaspar Dutra.
Vargas era o candidato dos pobres e dos trabalhadores (PTB).
O PSD discursava em defesa do que hoje chamamos de alinhamento, e mandava os seus eleitores a votarem no ex-ditador.
Com a apuração dos votos, e vitória do Vargas, foi criada a expressão “cristianização”, que vem a ser o mesmo que traição.
Lúdio entendeu o recado com um balanço positivo da cabeça.
Tiraram o discurso do Lúdio na falta de interesse para elegê-lo, e ressuscitaram a tese autoritária do alinhamento político.
Amordaçado o candidato nada pode fazer.
O atuante vereador teve que ficar mudo frente a situações que não concordava, principalmente na área de saúde pública.
Ele sempre foi contrário à privatização da saúde pública. O seu principal cabo eleitoral por aqui, privatizou toda a saúde do Estado.
O ministro da Saúde, um dos principais responsáveis pelo sucateamento da saúde no Brasil, para ‘fortalecer’ o seu candidato afirmou, em comício, que o seu ministério e o governo federal tinham como meta passar todos os serviços de saúde à iniciativa privada.
Cuiabá é uma cidade de funcionários públicos. O governo do Estado deu uma mãozinha na cristianização, acabando com o plano de saúde dos servidores estaduais, o famigerado MTSaúde criado no governo anterior, deixando mais de cinquenta mil usuários sem atendimento em pleno período eleitoral, onde a maioria dos beneficiários era de Cuiabá.
Para completar o calvário de traições, foram também suspensos os repasses de recursos aos hospitais prestadores de serviços ao governo, assim como aos serviços auxiliares, médicos e outras categorias de trabalhadores de saúde.
E o Lúdio nada podia falar. O seu silêncio foi o preço que pagou pela tese do alinhamento e o apoio recebido do seu principal aliado aqui.
Teve ainda que suportar calado, a invasão de ‘voluntários’ na direção da sua campanha, com a promessa de ajudá-lo a vencer as eleições logo no primeiro turno.
Agora, abandonado pelos apoiadores e voluntários, o seu partido (PT), herdou as dívidas de campanha.
Não sendo caloteiro, venderá até a última gota do seu sangue para saldar essas dívidas, já que é um médico-vereador sem fortunas inexplicáveis.
Menos de trinta dias são passados do desastre do comício da Praça das Bandeiras, onde o caixão da derrota do candidato do alinhamento foi fechado e, no Palácio Paiaguás, foi acertado o planejamento para as próximas eleições majoritárias estaduais.
O governador atual, que era vice do anterior, vai ser candidato ao Senado. O ex, agora senador, retorna ao seu posto antigo para continuar com o programa estradeiro, tão do agrado do pessoal do agronegócio.
Com esses arranjos, que inclui até troca de partidos, nunca ficou tão fácil ganhar a eleição para o governo do Estado como em 2014.
Essa é sua, Pedro Taques.

Gabriel Novis Neves
18-11-2012

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