O
atraso mental de alguns dos nossos governantes chega a ser irritante. Pensam
que com a sua visão primária iludem a todos.
Quando
o Lúdio ganhou a convenção do seu partido para ser candidato à prefeitura de
Cuiabá e, sabendo do acidente que sofri no meu joelho - obrigando-me ao repouso
e uso da bengala - veio me fazer uma visita de médico (rápida).
Expliquei
que não estava doente, apenas pagando juros pela minha longevidade.
Claro
que logo o assunto política aflorou. Perguntou-me o meu bom Lúdio: “E agora”?
Respondi
que o candidato vitorioso seria aquele que demonstrasse maior emoção e vontade
política para resolver o problema mais caótico da cidade: a saúde pública.
Alertei-o
ainda para o fenômeno da “cristianização” - criado nas eleições presidenciais
de mil novecentos e cinquenta.
Foi
o seguinte: o partido do governo da República, e da maioria dos Estados, fingia
que apoiava o seu candidato oficial Cristiano Machado, um honrado deputado
federal mineiro.
A
oposição (UDN) disputava a presidência da República com o mesmo candidato
(Brigadeiro Eduardo Gomes), que havia perdido a eleição anterior para o
cuiabaníssimo Eurico Gaspar Dutra.
Vargas
era o candidato dos pobres e dos trabalhadores (PTB).
O
PSD discursava em defesa do que hoje chamamos de alinhamento, e mandava os seus
eleitores a votarem no ex-ditador.
Com
a apuração dos votos, e vitória do Vargas, foi criada a expressão “cristianização”,
que vem a ser o mesmo que traição.
Lúdio
entendeu o recado com um balanço positivo da cabeça.
Tiraram
o discurso do Lúdio na falta de interesse para elegê-lo, e ressuscitaram a tese
autoritária do alinhamento político.
Amordaçado
o candidato nada pode fazer.
O
atuante vereador teve que ficar mudo frente a situações que não concordava,
principalmente na área de saúde pública.
Ele
sempre foi contrário à privatização da saúde pública. O seu principal cabo
eleitoral por aqui, privatizou toda a saúde do Estado.
O
ministro da Saúde, um dos principais responsáveis pelo sucateamento da saúde no
Brasil, para ‘fortalecer’ o seu candidato afirmou, em comício, que o seu
ministério e o governo federal tinham como meta passar todos os serviços de
saúde à iniciativa privada.
Cuiabá
é uma cidade de funcionários públicos. O governo do Estado deu uma mãozinha na
cristianização, acabando com o plano de saúde dos servidores estaduais, o
famigerado MTSaúde criado no governo anterior, deixando mais de cinquenta mil
usuários sem atendimento em pleno período eleitoral, onde a maioria dos
beneficiários era de Cuiabá.
Para
completar o calvário de traições, foram também suspensos os repasses de
recursos aos hospitais prestadores de serviços ao governo, assim como aos serviços
auxiliares, médicos e outras categorias de trabalhadores de saúde.
E
o Lúdio nada podia falar. O seu silêncio foi o preço que pagou pela tese do
alinhamento e o apoio recebido do seu principal aliado aqui.
Teve
ainda que suportar calado, a invasão de ‘voluntários’ na direção da sua
campanha, com a promessa de ajudá-lo a vencer as eleições logo no primeiro
turno.
Agora,
abandonado pelos apoiadores e voluntários, o seu partido (PT), herdou as
dívidas de campanha.
Não
sendo caloteiro, venderá até a última gota do seu sangue para saldar essas
dívidas, já que é um médico-vereador sem fortunas inexplicáveis.
Menos
de trinta dias são passados do desastre do comício da Praça das Bandeiras, onde
o caixão da derrota do candidato do alinhamento foi fechado e, no Palácio
Paiaguás, foi acertado o planejamento para as próximas eleições majoritárias
estaduais.
O
governador atual, que era vice do anterior, vai ser candidato ao Senado. O ex,
agora senador, retorna ao seu posto antigo para continuar com o programa estradeiro,
tão do agrado do pessoal do agronegócio.
Com
esses arranjos, que inclui até troca de partidos, nunca ficou tão fácil ganhar
a eleição para o governo do Estado como em 2014.
Essa
é sua, Pedro Taques.
Gabriel
Novis Neves
18-11-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.