Sou
cuiabano de nascimento e acho a minha gente imbatível na sua criatividade e no
artifício de guardar os seus segredos na moita.
Fica
quieto, muitas vezes fingindo-se de morto, até o momento oportuno para se
manifestar, pois o cuiabano não é covarde, e utiliza o simples silêncio
perturbador para enganar os arrogantes desvendadores da vontade alheia.
Essa
técnica centenária foi herdada dos nossos ancestrais indígenas, evita
aborrecimentos e surpreende até a ‘ciência’.
Ficar
na moita é manter-se distante das fofocas e estéreis conversas sem fim, sempre
com forte apelo emocional e fantasioso.
Estamos
saindo de uma disputadíssima eleição para o comando da nossa querida cidade.
Essa
maneira cultural da minha gente manifestar antes da hora o seu desejo, derrubou
todas as empresas de pesquisas eleitorais, tanto no primeiro como no segundo
turno.
Pesquisa
é ciência, amostragem em um pequeno universo para se aproximar da tendência de
milhares de pessoas.
Costuma
até dar certo, menos quando a população está na moita. Os erros nas pesquisas
em Cuiabá foram tão graves, que acredito que fechou o mercado de trabalho para
esse tipo de tarefa.
Ninguém
daqui para frente irá queimar dinheiro sabendo que a minha gente está na moita,
jogando verde para colher maduro.
Com
esses equívocos ‘científicos’ em tão curto espaço de tempo, não há explicação
convincente para informar que o que aconteceu aqui, em que muita gente estava
na moita aguardando o momento para se manifestar conscientemente.
Está
sepultado o ciclo de ouro das pesquisas, quando elas definiam eleições.
Está
todo o mundo na moita para saber o que irão inventar daqui para frente.
Pesquisa?
Nunca mais.
Gabriel Novis Neves
29-10-2012
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