sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Na moita


Sou cuiabano de nascimento e acho a minha gente imbatível na sua criatividade e no artifício de guardar os seus segredos na moita.
Fica quieto, muitas vezes fingindo-se de morto, até o momento oportuno para se manifestar, pois o cuiabano não é covarde, e utiliza o simples silêncio perturbador para enganar os arrogantes desvendadores da vontade alheia.
Essa técnica centenária foi herdada dos nossos ancestrais indígenas, evita aborrecimentos e surpreende até a ‘ciência’.
Ficar na moita é manter-se distante das fofocas e estéreis conversas sem fim, sempre com forte apelo emocional e fantasioso.
Estamos saindo de uma disputadíssima eleição para o comando da nossa querida cidade.
Essa maneira cultural da minha gente manifestar antes da hora o seu desejo, derrubou todas as empresas de pesquisas eleitorais, tanto no primeiro como no segundo turno.
Pesquisa é ciência, amostragem em um pequeno universo para se aproximar da tendência de milhares de pessoas.
Costuma até dar certo, menos quando a população está na moita. Os erros nas pesquisas em Cuiabá foram tão graves, que acredito que fechou o mercado de trabalho para esse tipo de tarefa.
Ninguém daqui para frente irá queimar dinheiro sabendo que a minha gente está na moita, jogando verde para colher maduro.
Com esses equívocos ‘científicos’ em tão curto espaço de tempo, não há explicação convincente para informar que o que aconteceu aqui, em que muita gente estava na moita aguardando o momento para se manifestar conscientemente.
Está sepultado o ciclo de ouro das pesquisas, quando elas definiam eleições.
Está todo o mundo na moita para saber o que irão inventar daqui para frente.
Pesquisa? Nunca mais.

Gabriel Novis Neves
29-10-2012

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