Vivemos
neurotizados por uma tal de felicidade, proclamada por muitos e vivenciada por
poucos. Como ela é relativamente utópica e diferente para cada pessoa, são
sempre difíceis as verdades absolutas sobre esse tema.
Como
num movimento de marés, ela se aproxima e se afasta sem o nosso controle sempre
que de alguma forma, tentamos aprisioná-la.
É
como se parente muito próximo da liberdade, não pudesse ser alcançável, sem a
presença desta.
Os
vários sistemas econômicos e também a mídia, por razões obviamente comerciais,
tentam relacioná-la à aquisição de bens de consumo, cada vez mais sofisticados.
Entretanto,
a prática desmistifica essa possibilidade, dado o grande número de depressivos
nas classes mais abastadas em que o dinheiro é o grande senhor de tudo.
Até
pílulas, na busca da tal felicidade, são produzidas e consumidas em larga
escala, numa tentativa em vão.
A
humanidade, desde sempre, teve dificuldade em se conectar diretamente com a
natureza, sua única possibilidade de bem estar.
As
inúmeras drogas tentadas, mostram apenas efeitos colaterais sistêmicos
desastrosos que em alguns casos chegam até a promover a autodestruição.
Logicamente
não estamos falando de casos patológicos de depressão, em que as mesmas
têm indicação obrigatória.
Desvairados
nessa tarefa inglória, nos entregamos aos mais diversos rituais sejam eles
estéticos, físicos ou espirituais, sempre buscando práticas que possam
nos levar ao tão sonhado nirvana.
Isso
se torna mais evidente no plano afetivo, quando delegamos ao outro, a imposição
de nos tornarem felizes.
Nesses
casos, a desilusão é obrigatória, pois ninguém no mundo tem essa dimensão, a
não ser nos nossos poucos momentos orgásticos, nem sempre tão bem vividos.
A
felicidade quando acontece, se observarmos com isenção, vem sempre de dentro
para fora, contentes que estamos em função de descobertas que fizemos com
relação a nós mesmos e ao que nos cerca.
Determinadas
pessoas, comportamentos, situações e práticas neurotizantes repetitivas, nos
tornam infelizes e o simples fato de constatar isso e afastar imediatamente as
causas, já seriam suficientes para reverter esse quadro negativo.
Entretanto,
por uma atrofia dessa atitude introspectiva, falsamente tida como confortável,
nos deixamos levar pelos acontecimentos e pagamos um alto preço num futuro
próximo, o chamado estado de infelicidade e o que é pior, apatia.
Acho
que a grande sacada sobre a felicidade é continuar procurando-a incessantemente
ao longo da vida.
Essa
busca diária é a verdadeira felicidade!
Gabriel Novis Neves
14-11-2012
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