O
jornal de número 212 - de setembro - do Conselho Federal de Medicina (CFM)
confirma o que há tempo alertamos à nossa população.
“Nos
últimos sete anos, Cuiabá perdeu oficialmente 600 leitos.”
Acho
que essa pesquisa foi feita por aquele instituto que previu a vitória do
candidato alinhado no primeiro turno das eleições em Cuiabá.
Qualquer
trabalhador da saúde sabe o número dos hospitais que foram fechados em Cuiabá,
e o que isso representou em número de perda de leitos.
Dentre
as especialidades mais atingidas estão a Psiquiatria, Pediatria, Obstetrícia,
Cirurgia Geral e Clínica Geral.
Santo
de casa não faz milagre. Por isso publico esses dados do CFM para documentar o
descaso da saúde pública no Brasil e, especialmente, em nosso Estado.
Durante
esses sete anos de chumbo para a nossa saúde pública, em que hospitais foram
comprados e fechados pelo governo, o silêncio dos nossos políticos foi, no
mínimo, incompreensível. A sociedade nem tomou conhecimento dessa verdadeira
ação terrorista contra os nossos pacientes mais sofridos e necessitados.
A
verdade demorou a aparecer. Hoje sabemos o DNA daqueles torturadores das
pessoas mais fragilizadas pela doença.
Alguns
desses responsáveis pelo sofrimento da nossa gente humilde começaram a ser
castigados pelos eleitores. É o caso de um ex-ministro da Saúde - que em Recife
não obteve votos que o levasse para o segundo turno das eleições municipais na
cidade do frevo.
Aqui
em Cuiabá a situação da nossa saúde pública é problema para o Tribunal de Haia.
Cofres
públicos inexplicavelmente vazios fazem com que decisões judiciais não sejam
cumpridas.
O
plano de saúde do governo estadual faliu completamente e deixou sem atendimento
médico mais de cinquenta mil usuários, e o governo não demonstra a mínima
capacidade para resolver essa situação de verdadeira humilhação aos servidores
do Estado.
A
pergunta que o governo não responde: onde estão os recursos dos repasses
institucionais?
Gente
morrendo, e gente pensando em obras faraônicas para a Copa do Mundo.
Gente
chorando de dor, e gente satisfeita com bons negócios.
Gente
pensando que tudo pode, e gente desse grupo indo para a cadeia.
Gente
sem esperança, e gente aguardando novas vantagens.
Gente
sem condições de governar, e gente arrependida de vender o seu voto.
O
fortalecimento do desgastado e desacreditado Sistema Único de Saúde (SUS) foi
desmoronado pelo baixo financiamento público.
Não
conseguimos resolver os problemas da Atenção Básica da Saúde, prevenção e
promoção da saúde, e as “doenças da modernidade, como o câncer, problemas
cardíacos e a violência, principalmente”.
Estas
já são consideradas as principais causas da mortalidade no país.
O
Brasil, e muito menos, Cuiabá, não estão preparados para enfrentar essa onda de
patologias que exigirá cada vez mais recursos financeiros do SUS.
Chegou
o momento político de refletirmos sobre outro modelo de saúde pública diante do
fracasso do SUS.
Gestores
públicos: não prometam aquilo que não poderão cumprir, especialmente no setor
da saúde pública. Mantenham o que existe funcionando, e bem. Por favor, não
deixem que interesses outros diminuam ainda mais o número de leitos na nossa
cidade.
O
momento da nossa saúde pública exige seriedade e pessoas responsáveis. Vamos
lutar pelo aumento de financiamento para a saúde, e diminuição de covas nos
cemitérios.
Gabriel Novis Neves
30-10-2012
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