quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Vizinhança


Antigamente a vizinhança era um fator decisório em muitas situações. O velho ditado - “Diz-me quem são seus vizinhos, só assim terei condições de oferecer a minha opinião”, contribuiu, em parte, para que isso fosse visto como verdade.
Cresci com a cultura da boa vizinhança, pois são com os vizinhos que, pelo menos antigamente, tínhamos mais contatos, chegando mesmo a formar uma grande família.
O meu Estado tem uma enorme vizinhança, e, por incrível que pareça, fomos instrumentos de algumas desavenças.
Com os nossos amigos paraguaios (antes da divisão do Estado), lutamos naquela guerra que a Inglaterra mandou o Brasil fazer, para destruir um país emergente na América do Sul.
Esse conflito está na lista dos documentos secretos que jamais serão revelados a nós.
Alguns detalhes dessa guerra, aprendi com o Rubens de Mendonça, que nunca publicou a verdadeira história da Guerra do Paraguai porque a sua ótica era totalmente diferente da história oficial, ensinadas às crianças nas escolas.
Segundo o historiador, que não tinha papas na língua nem reservas nas suas conversas comigo, a verdadeira história jamais poderá ser do domínio público por uma razão muito simples - o que iremos fazer com os nossos heróis, e como iremos justificar a nossa presença nessa briga?
Com a Bolívia, temos aquela história do Barão do Rio Branco, que deu um trecho da estrada de ferro Madeira-Mamoré, logo transformada em elefante branco, e ficou, com o hoje, Estado do Acre.
A presidente aceitou os conselhos do Sarney e do Collor em não tornar públicos esses documentos, que morrerão secretos para não reabrir feridas em nossos vizinhos.
O Chile, outro vizinho, ocupa posição estratégica para as nossas ambições. Com um pouquinho de entendimento e sem guerras, poderemos ter a sonhada saída para o Pacífico pelo porto de Arica (Peru).
Como o planeta Terra, dizem, ainda é redondo, os países do oriente do trópico úmido, necessitam basicamente da nossa produção maior, que é  o alimento. Essa saída para o pacífico é estratégica para Mato Grosso.
O nosso problema hoje é com o vizinho presidente cocaleiro.
Depois de encampar uma refinaria de petróleo da Petrobrás na marra, sem nenhuma resistência do governo brasileiro passado, agora resolveu legalizar os veículos roubados no Brasil.
Converte, do dia para a noite, um carro roubado, ou trocado, pelo seu principal produto de exportação (drogas), em apto para uso em seu território.
Só para se ter uma idéia do que representa a indústria de carros roubados de brasileiros na capital boliviana, os números oficiais falam em mais de dez mil.
Além do roubo dos veículos, os nossos vizinhos são os maiores abastecedores do comércio de drogas, que está destruindo as nossas gerações.
E grande parte desse negócio entra e sai pelo nosso Estado.
O governo sabe de tudo, e a fiscalização e a proteção das nossas fronteiras com o cocaleiro, parecem que estão sendo realizados por aqueles aviões invisíveis da última campanha presidencial. Já esqueceram que foi até dito que o Brasil já havia adquirido?
O governo mete o nariz onde não deve, e esquece-se de fazer a lição de casa, que é patrulhar as nossas fronteiras.
O Brasil se cala diante dessa bandalheira do nosso vizinho em nome de quê?
Será o arrependimento tardio pelo que fizemos no passado com eles?
A vizinhança tem que ser boa!

Gabriel Novis Neves
20-01-2012

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