Após
mais de dez anos de sofrimento no Congresso Nacional, veio a falecer, no início
deste ano, a conhecidíssima PEC 29.
O
seu nome verdadeiro era Projeto de Emenda Constitucional, registrada com o
número 29. Para os íntimos, PEC 29.
O
que pedia a finada PEC? Apenas mais recursos financeiros para a nossa saúde
pública.
Todos
os brasileiros confessaram que o mal maior da nossa saúde oficial debilitada,
era os parcos recursos que, principalmente, o governo federal, destinava para
sua manutenção.
Falta
de financiamento público para a saúde serviu apenas para campanhas políticas
nesses últimos vinte anos.
Todos
os candidatos, aos mais diversos cargos federais, estaduais e municipais, sem
exceção, reconheciam o estado precário em que se encontrava esse essencial
serviço público.
Prometeram
atenção especial ao caso até o resultado das urnas. Depois, todos sabem o
desenrolar da tragédia que acometeu toda a população brasileira.
Os
cargos eram loteados e os ocupantes, na sua maioria, não tinham conhecimento
técnico do assunto, muito menos, compromisso com os mais necessitados.
Ninguém
teve a ideia de levar a PEC até o Sírio-Libanês em São Paulo para um tratamento
ressuscitador.
A
PEC percorreu o Brasil todo. Foi apresentada em todas as famosas Audiências
Públicas para ouvir discurseiras.
Segundo
historiadores, a PEC foi mais debatida, e sempre com a conclusão da necessidade
de aumento de financiamento público, do que os debates para a criação da
Petrobrás.
Ninguém
neste país disse que a PEC é nossa - como diziam com relação ao petróleo. Este
era nosso, a saúde não. Agora sabemos que a saúde é das OSS.
É
oportuno esclarecer que essa emenda constitucional não pedia, e nem era
necessária, a criação de novos impostos para aportar maiores recursos para a
saúde pública.
O
governo tinha interesse em fazer vingar esse factóide em uma nação que possui
trinta e oito ministérios, sendo que, no primeiro ano de governo, teve ministro
que nem audiência conseguiu com a presidente.
A
eliminação de algumas dessas inutilidades criadas para prêmio de consolação aos
amigos derrotados, e a diminuição do tamanho dos ralos, onde bilhões de reais
são perdidos, era tudo que a população brasileira necessitava para o Brasil
cumprir o seu dever constitucional com relação à saúde.
A
FIFA está cobrando o Brasil para mudar a sua constituição - como foi combinado,
para adotar as leis do futebol.
Muitos
se surpreendem com Cuiabá, capital de um Estado riquíssimo, com muitos
bilionários, não possuir um hospital Estadual. Mas, em compensação, está
construindo um campo de futebol que, quando a bola rolar, o seu preço deverá,
na melhor das hipóteses, ter alcançado um bilhão de reais. Os detalhes custam,
muitas vezes, mais que a própria obra.
A
PEC 29 morreu. O anúncio oficial foi feito por um representante importante do
Ministério da Saúde que, em nossa cidade, anunciou grandes investimentos do
governo federal - que estão no papel: três milhões de reais para os Prontos
Socorros de Cuiabá e Várzea Grande, divididos irmãmente.
Esses
dois hospitais atendem um milhão de pessoas da Grande Cuiabá, além dos casos de
média e alta complexidade de todo o Estado.
Receberão,
se receber, três milhões de reais. O governo do Estado, só de sinal para uma
compra de dez jipes russos, desembolsou quase essa quantia. O total da compra,
que foi abortada, o valor era quase cinco vezes a quantia prometida pelo
governo federal para o Pronto Socorro de Cuiabá.
O
corpo da PEC 29 foi colocado em cova rosa e, em uma única coroa de espinhos, se
lia: “A presidente encaminhou mensagem ao presidente do Senado Federal, que é
senador do Amapá, dizendo que, após ouvir os ministérios do Planejamento e da
Fazenda, vetou parcialmente a lei com relação ao aumento de financiamento para
a saúde pública, por contrariedade ao interesse público e inconstitucional.”
O
caixão foi fechado e os coveiros o cobriram de terra.
Gabriel
Novis Neves
17-01-2012
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