quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carnaval

É uma grande fantasia acreditar que o carnaval é uma festa genuinamente brasileira e nascida nos morros.
Ele nasceu na Europa durante o período Vitoriano, espalhou-se pelo mundo e adaptou-se às mais variadas culturas.
Quem assiste pela televisão aos desfiles das escolas de samba no Sambódromo do Rio, tem a impressão que o carnaval nasceu no Morro da Mangueira.
Outro carro alegórico do carnaval é acreditar que é uma festa popular.
“O carnaval é a maior expressão da cultura popular brasileira” - palavras de Eduardo Portela, ministro da Educação e Cultura do Brasil, no Ginásio de Esportes da UFMT, defendendo a nossa escola de samba Mocidade Independente Universitária, vítima de crítica de alguns setores da sociedade cuiabana. Isso aconteceu há mais de trinta anos.
O carnaval, atualmente, é uma festa para ricos, com os seus camarotes Vips cinematográficos, abadás caríssimos, além das festas privadas, sempre com atrações internacionais, que cobram um absurdo por essa extravagância. Os pobres, nem por perto chegam nesses lugares.
Geralmente os municípios brasileiros, muitos com a sua população passando fome, financiam os blocos de rua visando retorno político.
Os trios elétricos estão por todo o Brasil. Até aqui em Cuiabá esses caminhões de som, com artistas locais e de fora, financiados, na sua maioria, com o dinheiro público, fazem a alegria de alguns artistas.
Na Bahia, durante o carnaval, existem mais trios elétricos que centros de macumba.
Saudades dos carnavais passados, quando todos os grandes compositores brasileiros compunham para a festa de rua, marchinhas e sambas, e até hoje são tocadas em clubes.
Cantar e pular a noite toda, Mulher Popozuda, é prova de mau humor.
A saúde no Brasil não sai das manchetes da mídia. Dia desses um atropelado em São Paulo ficou mais de cinco horas esperando pela chegada de uma ambulância para um socorro de urgência-emergência.
O interior do nosso Estado tem dificuldades em remover os seus pacientes para Cuiabá por falta de ambulâncias.
No carnaval deparamos com  uma enormidade de ambulâncias, com equipes completas de socorro em todas as portas dos clubes ou nas ruas de Momo.
Terminado o carnaval, como em um passe de mágica, elas desaparecem.
A gestante, em período expulsivo, tem o filho na rua. O idoso com falta de ar morre em casa por falta de remoção. Os acidentados no trânsito ficam horas esperando a chegada de uma ambulância para o socorro salvador.
E a nossa falta de segurança pública multifatorial?
A resposta do governo é que o Estado não tem dinheiro para nomear, pelo menos, dez mil soldados concursados, treinados para trabalhar nas ruas enfrentando o crime.
Durante o carnaval, o que não falta nas ruas são soldados da polícia militar. Estão ali, não para enfrentar os integrantes do crime.
Sua missão é cuidar dos bêbados nas festas, evitar brigas de filhinhos do papai e multar automóveis.
Outra falácia atribuída ao nosso carnaval: o pequeno comerciante ganha uma nota preta no carnaval vendendo espetinho, pipoca, milho verde, sanduíche e refrigerante. Se eles forem depender desse dinheiro para sobreviver, estariam mortos.
Quem ganha dinheiro no carnaval são as cervejarias, donos de trios elétricos e poucos artistas baianos.
As despesas produzidas pelo carnaval custam alto ao bolso do brasileiro.
A lotação nos hospitais, por vítimas de acidentes de trânsito durante o carnaval, é algo assustador em recursos financeiros, além de  aposentadorias precoces por invalidez e, até morte.
Não contando os crimes de rotina que têm um incremento nesses dias, e as sequelas das doenças sociais do carnaval.
Carnaval de agora é para ricos. Muito diferente do carnaval do meu tempo de criança.

Gabriel Novis Neves
10-02-2012

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