É
uma grande fantasia acreditar que o carnaval é uma festa genuinamente
brasileira e nascida nos morros.
Ele
nasceu na Europa durante o período Vitoriano, espalhou-se pelo mundo e
adaptou-se às mais variadas culturas.
Quem
assiste pela televisão aos desfiles das escolas de samba no Sambódromo do Rio,
tem a impressão que o carnaval nasceu no Morro da Mangueira.
Outro
carro alegórico do carnaval é acreditar que é uma festa popular.
“O
carnaval é a maior expressão da cultura popular brasileira” - palavras de
Eduardo Portela, ministro da Educação e Cultura do Brasil, no Ginásio de
Esportes da UFMT, defendendo a nossa escola de samba Mocidade Independente
Universitária, vítima de crítica de alguns setores da sociedade cuiabana. Isso
aconteceu há mais de trinta anos.
O
carnaval, atualmente, é uma festa para ricos, com os seus camarotes Vips
cinematográficos, abadás caríssimos, além das festas privadas, sempre com
atrações internacionais, que cobram um absurdo por essa extravagância. Os
pobres, nem por perto chegam nesses lugares.
Geralmente
os municípios brasileiros, muitos com a sua população passando fome, financiam
os blocos de rua visando retorno político.
Os
trios elétricos estão por todo o Brasil. Até aqui em Cuiabá esses caminhões de
som, com artistas locais e de fora, financiados, na sua maioria, com o dinheiro
público, fazem a alegria de alguns artistas.
Na
Bahia, durante o carnaval, existem mais trios elétricos que centros de macumba.
Saudades
dos carnavais passados, quando todos os grandes compositores brasileiros
compunham para a festa de rua, marchinhas e sambas, e até hoje são tocadas
em clubes.
Cantar
e pular a noite toda, Mulher Popozuda, é prova de mau humor.
A
saúde no Brasil não sai das manchetes da mídia. Dia desses um atropelado em São
Paulo ficou mais de cinco horas esperando pela chegada de uma ambulância para
um socorro de urgência-emergência.
O
interior do nosso Estado tem dificuldades em remover os seus pacientes para
Cuiabá por falta de ambulâncias.
No
carnaval deparamos com uma enormidade de ambulâncias, com equipes
completas de socorro em todas as portas dos clubes ou nas ruas de Momo.
Terminado
o carnaval, como em um passe de mágica, elas desaparecem.
A
gestante, em período expulsivo, tem o filho na rua. O idoso com falta de ar
morre em casa por falta de remoção. Os acidentados no trânsito ficam horas
esperando a chegada de uma ambulância para o socorro salvador.
E
a nossa falta de segurança pública multifatorial?
A
resposta do governo é que o Estado não tem dinheiro para nomear, pelo menos,
dez mil soldados concursados, treinados para trabalhar nas ruas enfrentando o
crime.
Durante
o carnaval, o que não falta nas ruas são soldados da polícia militar. Estão
ali, não para enfrentar os integrantes do crime.
Sua
missão é cuidar dos bêbados nas festas, evitar brigas de filhinhos do papai e
multar automóveis.
Outra
falácia atribuída ao nosso carnaval: o pequeno comerciante ganha uma nota preta
no carnaval vendendo espetinho, pipoca, milho verde, sanduíche e refrigerante.
Se eles forem depender desse dinheiro para sobreviver, estariam mortos.
Quem
ganha dinheiro no carnaval são as cervejarias, donos de trios elétricos e
poucos artistas baianos.
As
despesas produzidas pelo carnaval custam alto ao bolso do brasileiro.
A
lotação nos hospitais, por vítimas de acidentes de trânsito durante o carnaval,
é algo assustador em recursos financeiros, além de aposentadorias
precoces por invalidez e, até morte.
Não
contando os crimes de rotina que têm um incremento nesses dias, e as sequelas
das doenças sociais do carnaval.
Carnaval
de agora é para ricos. Muito diferente do carnaval do meu tempo de criança.
Gabriel
Novis Neves
10-02-2012
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