quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

TAUBATÉ


A Velhinha de Taubaté é um personagem de humor criado pelo escritor Luis Fernando Veríssimo quando Figueiredo era presidente da República.
Era a única pessoa que acreditava no governo. O sucesso da Velhinha foi imortalizado em livros, centenas de crônicas, programas de televisão e consagrada pelo gosto popular. Virou um bordão nacional, repetido de norte a sul, de leste a oeste.
Especialmente em períodos eleitorais, onde abundavam promessas, a Velhinha de Taubaté era muito lembrada quando a mentira era escandalosa: “Essa nem a Velhinha acredita”. Quando razoável diziam que a Velhinha acreditava.
Ela faleceu em 2005, em tempos de crise de mensalão, decepcionada com o quadro político brasileiro.
Dizem que ela estava em frente à televisão assistindo ao noticiário da noite, quando foi vítima de um choque decorrente sobre uma notícia envolvendo a Presidência da República. Não suportou - o que ela chamava de bandalheira dos políticos -, e faleceu fulminantemente. Poucos suspeitam em suicídio motivado pela vergonha cívica.
A cidade de Taubaté não nasceu para frequentar o ostracismo de milhares de municípios brasileiros. O poder criativo do seu povo não tem limites.
Neste santo primeiro mês do ano 2012, ressurge a terra da Velhinha com toda a sua força de ocupar espaços na mídia nacional e internacional.
Surge, como por encanto, uma pedagoga com um enorme abdome, alegando estar grávida de quadrigêmeos. A gravidez múltipla com a inseminação artificial é encarada como fato corriqueiro e não produz sensação como antigamente.
O que realmente chamou a atenção foi o volume descomunal da barriga da futura mãe. Taubaté é uma cidade tranquila, com idosos andando de bicicleta e usando chapéu de palha. Os moços cantando e dançando músicas sertanejas. Considera motivo de orgulho ser chamada de capital dos caipiras.
Com esse barrigão da professora, alguém se lembrou de chamar os idosos da cidade de Itu (São Paulo), onde tudo é enorme e picolé de groselha, de tão grande, é transportado em bitrem, para opinar sobre o rumoroso caso da gravidez de quatro fetos.
A turma de Itu não acreditou no que viu e voltou apavorados para casa. Durante semanas o comentário era um só: “Itu não é mais a mesma. Taubaté nos roubou o troféu”.
Mesmo com o retorno da menina paraibana do Canadá, em Taubaté ninguém falava da nova sensação brasileira, que é a Luiza. Com orgulho comentavam na praça: “essa Luiza voltou, mas, grande coisa com esses aviões modernos de agora. Pequenininha coube em uma estreita poltrona da classe turística. Quero ver levar a nossa grávida para o Canadá. Só se for naquele jato do Qatar, que um dia desses pousou de madrugada em Guarulhos, único aeroporto do Brasil em condições de recebê-lo. O negócio é saber se ele consegue transportar a nossa gestante.”
Taubaté produziu filhos famosos, sendo o mais conhecido, o autor do Sítio do Pica-Pau Amarelo, Monteiro Lobato. Hebe Camargo e Cid Moreira também são de lá.
Tudo que é bom, dura pouco. A gravidez era de mentirinha. A descomunal barriga era produto da fértil imaginação de uma jovem professora, que com silicone e roupas montou o espalhafatoso cenário, tudo com o beneplácito do marido que é vasectomizado.
Taubaté será ainda lembrada durante alguns dias. A professora e o seu marido irão prestar esclarecimentos, com direito a um bom cachê nos nossos programas de auditórios.
Depois será estudar um novo personagem, para que o Brasil não se esqueça de Taubaté.
O espaço cultural brasileiro pelos próximos meses é da Luiza, que voltou do Canadá. Com certeza desfilará nas principais escolas de samba para frustração da grávida de Taubaté.

Gabriel Novis Neves 
21-01-2012

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