A
Velhinha de Taubaté é um personagem de humor criado pelo escritor Luis Fernando
Veríssimo quando Figueiredo era presidente da República.
Era
a única pessoa que acreditava no governo. O sucesso da Velhinha foi
imortalizado em livros, centenas de crônicas, programas de televisão e
consagrada pelo gosto popular. Virou um bordão nacional, repetido de norte a
sul, de leste a oeste.
Especialmente
em períodos eleitorais, onde abundavam promessas, a Velhinha de Taubaté era
muito lembrada quando a mentira era escandalosa: “Essa nem a Velhinha
acredita”. Quando razoável diziam que a Velhinha acreditava.
Ela
faleceu em 2005, em tempos de crise de mensalão, decepcionada com o quadro
político brasileiro.
Dizem
que ela estava em frente à televisão assistindo ao noticiário da noite, quando
foi vítima de um choque decorrente sobre uma notícia envolvendo a Presidência
da República. Não suportou - o que ela chamava de bandalheira dos políticos -,
e faleceu fulminantemente. Poucos suspeitam em suicídio motivado pela vergonha
cívica.
A
cidade de Taubaté não nasceu para frequentar o ostracismo de milhares de
municípios brasileiros. O poder criativo do seu povo não tem limites.
Neste
santo primeiro mês do ano 2012, ressurge a terra da Velhinha com toda a sua
força de ocupar espaços na mídia nacional e internacional.
Surge,
como por encanto, uma pedagoga com um enorme abdome, alegando estar grávida de
quadrigêmeos. A gravidez múltipla com a inseminação artificial é encarada como
fato corriqueiro e não produz sensação como antigamente.
O
que realmente chamou a atenção foi o volume descomunal da barriga da futura
mãe. Taubaté é uma cidade tranquila, com idosos andando de bicicleta e usando
chapéu de palha. Os moços cantando e dançando músicas sertanejas. Considera
motivo de orgulho ser chamada de capital dos caipiras.
Com
esse barrigão da professora, alguém se lembrou de chamar os idosos da cidade de
Itu (São Paulo), onde tudo é enorme e picolé de groselha, de tão grande, é
transportado em bitrem, para opinar sobre o rumoroso caso da gravidez de quatro
fetos.
A
turma de Itu não acreditou no que viu e voltou apavorados para casa. Durante
semanas o comentário era um só: “Itu não é mais a mesma. Taubaté nos roubou o
troféu”.
Mesmo
com o retorno da menina paraibana do Canadá, em Taubaté ninguém falava da nova
sensação brasileira, que é a Luiza. Com orgulho comentavam na praça: “essa
Luiza voltou, mas, grande coisa com esses aviões modernos de agora.
Pequenininha coube em uma estreita poltrona da classe turística. Quero ver
levar a nossa grávida para o Canadá. Só se for naquele jato do Qatar, que um
dia desses pousou de madrugada em Guarulhos, único aeroporto do Brasil em condições
de recebê-lo. O negócio é saber se ele consegue transportar a nossa gestante.”
Taubaté
produziu filhos famosos, sendo o mais conhecido, o autor do Sítio do Pica-Pau
Amarelo, Monteiro Lobato. Hebe Camargo e Cid Moreira também são de lá.
Tudo
que é bom, dura pouco. A gravidez era de mentirinha. A descomunal barriga era
produto da fértil imaginação de uma jovem professora, que com silicone e roupas
montou o espalhafatoso cenário, tudo com o beneplácito do marido que é
vasectomizado.
Taubaté
será ainda lembrada durante alguns dias. A professora e o seu marido irão
prestar esclarecimentos, com direito a um bom cachê nos nossos programas de
auditórios.
Depois
será estudar um novo personagem, para que o Brasil não se esqueça de Taubaté.
O
espaço cultural brasileiro pelos próximos meses é da Luiza, que voltou do
Canadá. Com certeza desfilará nas principais escolas de samba para frustração
da grávida de Taubaté.
Gabriel
Novis Neves
21-01-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.