domingo, 12 de fevereiro de 2012

O HOMEM E A ONÇA


Nem a derrota do Flamengo na Bolívia, despertou tantas atenções nas esquinas de Cuiabá como a notícia da onça pintada que agrediu o motorista de um caminhão em Ipiranga do Norte - (470 km ao norte de Cuiabá).
Quem foi a vítima e quem foi o agressor? Eis a questão!
A mídia informa que quando o motorista chegou de bicicleta ao barracão para pegar o caminhão para trabalhar, foi violentamente agredido por uma onça, que surgiu de surpresa.
A sorte do caminhoneiro foi a bicicleta. Ao receber a primeira patada da onça ele foi ao chão - e a bicicleta ficou por cima do seu corpo agindo como um frágil escudo.
Ao se levantar para fugir, já gritando por socorro, foi novamente agredido. As investidas da onça deixaram no corpo do motorista cerca de 200 pontos cirúrgicos.
Após o ataque, a onça desapareceu. Deixou pelo chão impressões digitais – dela e de dois filhotes. Provavelmente a onça estava em busca de comida.
O motorista teve que ser removido para um hospital com maiores recursos - a 420 km ao norte de Cuiabá.
Felizmente, nada de mais grave aconteceu com o ele.  Obteve alta hospitalar e a sua agressora não foi mais localizada na pequena cidade.
A cidade de Ipiranga do Norte não alcançou a popularidade da Luiza do Canadá, mas está sendo muito falada.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade de Ipiranga da Onça – digo - do Norte, possui 5.123 habitantes. É um dos inúmeros municípios novos do Nortão de Mato Grosso, e a sua principal economia é a agricultura.
Nasceu em 1º de janeiro de 2005, fundada por um grupo de famílias oriundas do Rio Grande do Sul.
No final do ano passado foi feita uma pesquisa entre os moradores da cidade, com a seguinte enquete: “O que você deseja para 2012?”
A resposta vencedora, com 54,55% dos votos foi: Ganhar Dinheiro. Saúde recebeu: 31,82%; Amor: 9.09% e Felicidade: 4.54%.
Voltando ao assunto da onça: quem agrediu quem?
A imprensa e a polícia dizem que a onça pintada, de surpresa, agrediu o motorista no centro da cidade de Ipiranga do Norte, e que a agressora fugiu sem providenciar socorro à vítima.
Um biólogo consultado para opinar, acha que a onça foi agredida pelo homem no seu habitat natural.
Até há pouco tempo as onças frequentavam as matas que a motosserra do progresso derrubou, dando origem à cidade.  Onças, antas, capivaras, sucuris, tamanduás e tatus - só para citar alguns animais – perderam parte do seu habitat natural.
Esses animais foram expulsos pelo colonizador e estão morrendo de fome. Eles não matam nem atacam por ódio ou vingança, e sim, para sobreviver, se defender ou manter o equilíbrio ecológico de uma região.
Desse desastre ecológico do homem e da onça, fica uma lição aos nossos governantes: alguma coisa está errada na ocupação racional de Mato Grosso.
Lugar de onça é na mata. Se ela for destruída, a onça e seus parceiros ficarão no centro da cidade.

Gabriel Novis Neves
26-01-2012

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