Li
uma matéria oficial, com abundâncias de fotos, sobre o Baile de Carnaval para
Idosos organizado pela prefeitura de Cuiabá. O evento foi realizado no ginásio
do bairro Dom Aquino e reuniu os integrantes dos quatro Centros de Convivência
para Idosos da capital.
Segundo
a matéria, o pessoal da terceira idade - ou da melhor idade – (como os órgãos
públicos costumam classificar os idosos), se divertiu muito, compareceu à
caráter e dançou a tarde toda. Para os organizadores essa festa promoveu
alegria e fez com que os idosos esquecessem-se dos seus problemas.
Pois
bem. Quero abordar dois pontos com relação a este evento.
Primeiro:
a Organização Mundial de Saúde (OMS) não adota os termos “terceira idade” ou
“melhor idade” quando se refere aos idosos. Isto é uma invenção genuinamente
brasileira.
De
acordo com a OMS, esta etapa da vida – que começa aos 65 anos de idade – é
chamada de velhice. E seus integrantes são os velhos, ou idosos.
Se
analisarmos melhor aqueles termos, facilmente chegaremos à conclusão que se trata
de um eufemismo. Ninguém rotula com eufemismo algo ou alguém que seja bom. Só o
que é ruim merece um título delicado.
Sempre
lutei contra qualquer tipo de discriminação. A expectativa de vida aumentou no
planeta. Hoje é frequente encontrar profissionais liberais, empresários,
políticos, escritores, artistas e jornalistas, em plena atividade produtiva
após os oitenta anos.
Alguns
países aumentaram a idade de aposentadoria para setenta e cinco anos, e o
Brasil pensa seriamente nessa solução.
Apesar
de a prefeitura ter colocado ônibus à disposição dos idosos, notava-se
facilmente, pelo número de cadeiras vazias e alguns pares no salão, o fracasso
da empreitada.
Os
próprios organizadores do carnaval dos idosos, confessaram a sua surpresa
frente à pequena adesão da turma da melhor idade.
Segundo
ponto: seria até louvável por parte dos governantes a organização desses
eventos para idosos, desde que, paralelamente, as leis existentes em benefício
deles fossem rigorosamente cumpridas.
Mas,
como os idosos são praticamente esquecidos pelas ações sociais públicas,
torna-se vergonhosa essas ações demagógicas.
Ações
como: assistência médica, distribuição de medicamentos, asilos ou casas de
repouso, programas de lazer com fisioterapia, orientação familiar, nutricional
e psicológica, não constam na cartilha do nosso idoso, embora previsto em lei.
Na
verdade o idoso só tem direito à própria morte e a essas festinhas pejorativas.
A
imagem que me passou dessa festa, que é o símbolo maior da alegria do
brasileiro, foi a de um funeral.
Suspeito
que os organizadores realizaram esse baile na melhor das intenções. Talvez na
crença de que a fantasia do carnaval fizesse a turma da melhor, ou, da terceira
idade, esquecer-se dos inúmeros problemas vindos com esta etapa da vida. E, o
mais dramático – que se esquecesse dos direitos que lhe é devido.
Idoso
é idoso, com as suas peculiaridades e limitações. Não há necessidade de
rotulá-los com eufemismos – que nem eles acreditam. O que é necessário fazer é
respeitá-los – dando a eles os direitos que a lei lhes concede.
Vamos
rever alguns conceitos, começando com o idoso?
Gabriel
Novis Neves
18-02-2012
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