Houaiss
define contradição como afirmação do contrário afirmado anteriormente,
refutação, desacordo. Mas isso quem diz é o dicionarista da nossa difícil
língua portuguesa.
Todo
brasileiro que se preza, além do pai genético, tem sempre à mão o pai dos
burros, como é conhecido entre nós o dicionário, em vias de extinção,
substituído pelo doutor Google.
Como
cidadão, é impossível viver constantemente em contradição, embora habitemos o
país das contradições.
Os
exemplos de contradições são diários. Devem existir muitos livros sobre esse
assunto, embora não me lembre de nenhum, o que não é novidade alguma na minha
idade.
Em
uma nação de quase duzentos milhões de habitantes, são pouquíssimos aqueles que
suportam as contradições, especialmente dos donos provisórios do poder.
Só
os que fazem parte dessa minoria de privilegiados, têm razões para suportar e,
o pior, defender as contradições - onde a palavra empenhada assemelha-se a uma nuvem
passante.
Aqui
em nosso Estado, aqueles que defendem com unhas e dentes as contradições
humilhantes dos poderosos, são muito bem recompensados. Com toda certeza
ficarão milionários.
Os
milionários adeptos das contradições irão frequentar a lista dos homens mais
ricos do planeta. É uma questão matemática, sem margem para erros de
custo-benefício.
Lembro-me
da campanha, “A Petrobrás é nossa.” Era. Hoje, o petróleo tem dono muito bem
aceito lá, pois ele é um dos maiores financiadores de campanhas políticas para
permanecer tudo como está.
Um
sindicalista deputado federal, há vinte anos, da tribuna do Congresso Nacional,
defendeu uma greve dos policiais militares do Estado que o elegeu, inclusive,
batalhando posteriormente pela anistia concedida.
Esse
deputado vira governador do Estado, e a polícia militar, sem condições de
trabalho e salários vis, faz uma greve.
O
ex-defensor de greves pegou uma carona e foi visitar a República Socialista
Democrática de Cuba.
Ao
retornar solicitou forças federais para garantir a ordem no seu Estado, modelo
de gestão compartilhada.
Não
aceitou negociar, é contra a anistia aos militares que ganham uma merreca,
prendeu os grevistas, demitiu, e fez tudo que ACM nunca pensou em fazer.
Grande
parte dos ocupantes dos cargos importantes hoje no Brasil foi beneficiada pela
lei da anistia - ampla, geral e irrestrita dos militares – e, recentemente, por
uma enormidade de leis casuísticas e manobras jurídicas de protelamemto
combinadas.
Todos,
sem exceção, de bolsos cheios de “reparos” de uma anistia, são contrários à
anistia dos soldados da Bahia, sendo que, há menos de um ano, houve anistia
para os bombeiros do Rio, que reclamavam do salário de novecentos reais.
O
governo diz que não pode mexer na Constituição para aumentar percentuais para a
saúde, a educação e a segurança, mas tacou a tesoura nela para atender
interesses da FIFA, que estão distantes dos interesses do povo brasileiro.
De
contradição em contradição, a credibilidade do homem público foi parar nos
programas humorísticos.
Haja
contradições! Infelizmente, morando nos túmulos das taxas de zelo.
Gabriel
Novis Neves
14-02-2012
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