sábado, 18 de fevereiro de 2012

BREVES NOTÍCIAS DO SAMBA


Leandro Narloch nos relata que "os primeiros sambistas, considerados hoje pioneiros da nossa cultura popular, tinham formação em música clássica, plagiavam canções estrangeiras e largaram o samba para montar bandas de jazz."
Costuma-se contar a história do nosso samba em dois momentos opostos:
"O primeiro, quando os sambistas eram perseguidos pela polícia - que reprimia manifestações culturais dos negros - e obrigados a tocar escondidos, em vielas dos morros e fundos dos quintais."
"No segundo momento - acontece o contrário, e o governo passa a incentivar o carnaval e as músicas populares."
O antropólogo Hermano Viana revelou que "o samba, em sua origem, tinha muito pouco do folclórico ou nacionalista."
"A cara que o samba tem hoje, de símbolo de “autenticidade brasileira” e de resistência da cultura negra dos morros cariocas, é uma criação mais recente, que de certa forma abafou a primeira."
Afirma Viana, em “O Mistério do Samba, que “nunca existiu um samba pronto, autêntico, depois transformado em música nacional.
"Um exemplo de que o primeiro samba não tinha nada de folclórico são os dois primeiros personagens desse estilo musical: Pixinguinha e Donga, que em 1917 registrou o primeiro samba gravado na história."
"Os dois começaram a tocar juntos na década de 1910, provavelmente na casa da baiana Hilária Batista da Silva, a tia Ciata, na Praça Onze, centro do Rio de Janeiro."
"O quintal dessa casa é apontado frequentemente como “o berço do samba,” o lugar que abrigou o nascimento mítico desse novo estilo musical."
"Nessa época “samba” significava um evento, uma festa, e não um tipo de música."
O novo estilo saiu da criatividade daquele grupo de amigos que, à noite e nos finais de semana, iam para a casa da tia Ciata.
"O samba ali produzido lembrava mais o maxixe. “Pelo telefone,” lembra mais o maxixe que a percussão das escolas de samba." Estourou no carnaval de 1917.
Em 1919, Donga e Pixinguinha criaram a banda os Oito Matutos.
Durante mais de um ano tocaram em Paris - onde Pixinguinha ganhou um saxofone -, e em Buenos Aires (1922-1923).
Os Oitos Batutas ficaram apaixonados pela música internacional, "como o músico Sinhô, que foi uma espécie de Roberto Carlos da década de 20. Sinhô tinha o apelido de “o rei do samba.”
Escreveu o poeta Manuel Bandeira sobre o sambista: “Sinhô encantou o Rio de Janeiro compondo valsas, maxixes, fox, charliston, toadas, fados, e chegou a gravar samba com orquestras. Suas marchinhas carnavalescas eram quase cópias de canções européias.”
Assim era o samba brasileiro - inspirado nas novidades européias e americanas.
Futuramente surge o samba nacionalista, onde predominava a patrulha ideológica.
Finalizo essas breves citações com um rápido, porém delicioso, debate entre Donga - o rei  do primeiro samba - e Ismael Silva, o cofundador do segundo estilo.
      - Qual o verdadeiro samba? - Pergunta Ismael
      - Ué - responde Donga - samba é isso há muito tempo: “O chefe da polícia, Pelo telefone, Mandou-me avisar, Que na Carioca, Tem uma roleta para se jogar...”
      - Isso é maxixe – contesta Ismael.
      - Então o que é samba?
      - “Se você jurar, Que me tem amor, Eu posso me regenerar, Mas se é, Para fingir, mulher, A orgia, assim não vou deixar.” – responde Ismael.
      - Isso é marcha! – brada Donga.
Maxixe, marcha, samba... não importa como eles nomeavam as suas músicas – todas tinham uma bela musicalidade e letras impecáveis.
Pensar que o grande sucesso deste carnaval é: “Ai, se eu te pego...”

Gabriel Novis Neves
17-02-2012

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