Mais
uma herança recebida pelo governo da continuidade - um Estado inchado, com
previsão orçamentária para este ano superestimada.
O
papel sempre aceitou tudo, causando sérios aborrecimentos aos dedicados
planejadores, crentes das informações contidas na celulose, especialmente
quando oficiais.
Tancredo
Neves, que jamais falou ao telefone, mesmo com o orçamento para o seu primeiro
ano de governo nas mãos, deu a famosa ordem aos seus ministros -“É proibido
gastar.” Ele sabia das coisas.
A
fatalidade nos jogou no colo do gastador sucessor, recordista em inflação na
história do Brasil - o adorável presidente do overnight. Ninguém trabalhou
durante os seus cinco anos de reinado. O melhor negócio era ganhar dinheiro com
a inflação.
A
realidade do nosso Estado é difícil, pois a arrecadação está abaixo daquela
publicada no Diário Oficial. Falta transparência no governo, que deveria deixar
clara à população a real situação herdada.
Somos
surpreendidos por fontes oficiais, que com essa arrecadação, a única saída para
a governabilidade será um sangrento corte de gastos no próprio corpo.
Como
sempre, a navalha da moralização financeira atinge pequenos funcionários e os
serviços essenciais. São sempre os mesmos que pagam o pato - saúde, educação,
segurança, servidor público.
Para
quem desconhece que o nosso Estado arrecada abaixo do que gasta e que está
longe de atender às nossas principais necessidades, nem desconfia desse
descalabro.
É
empréstimo de mais de um bilhão de reais para o modal de transporte do
Aeroporto ao CPA. Pagamento mensal da nossa dívida com o governo federal e
bancos. Mais dívidas autorizadas pela nossa Casa de Leis para as despesas com a
Copa, e agora, a criação de novos órgãos, como a bi-falecida LEMAT.
Se
a loteria do Estado de Mato Grosso foi fechada por dois governos, é que aí tem.
Vi nascer a primeira casa de jogo de azar na minha cidade e depois morrer.
Contrariando
Estevão de Mendonça, anos após ela renasce. Morre novamente. Duas experiências
respeitáveis no seu curto período de vida, merecedoras de um cuidado especial
nessa terceira tentativa em ressuscitá-la.
Dizem
que a LEMAT, que é uma casa lotérica, faleceu de causa ignorada em laudo
elegante. Entretanto, todos sabem que as causas foram menos nobres...
Gostaria
de saber quem vendeu essa velha e fracassada exploração de jogos de azar ao
nosso governador.
Com
certeza o convencimento veio com os famosos gráficos projetados pelo datashow, mostrando lucros fabulosos
para investimento na carente área social.
Milhões
de reais para o hospital do Câncer, abrigos de idosos, dependentes químicos,
ressocialização do menor infrator, atenção aos moradores de ruas, e tantas
outras campanhas educativas somos obrigados a engolir.
Para
conseguir essa nova fonte de recursos, o Estado nomeará o presidente da
lotérica e um extenso quadro de diretores adjuntos e funcionários
comissionados.
Não
sou da área de cálculos, mas acredito que essa criação foi mais para atender os
correligionários. Será que o lucro do jogo cobrirá as despesas e contará com a
credibilidade do consumidor?
Não
sei não, mas não querendo ser pessimista, acho difícil esse modelo, que não
vingou na baixada cuiabana, ser transformado em sucesso.
Acredito
que o governo está comprando mais uma dor de cabeça com esse elefantinho.
Corte
de gastos não é por aí - criando despesas -, e sim, acabando com as mordomias e
artifícios da governabilidade.
Gabriel
Novis Neves
05-02-2012
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