Morar
em Cuiabá virou um exercício de despojamento. A cidade cresceu desordenadamente
- sem o mínimo planejamento. Consequências: falta de serviços essenciais, de
segurança e de toda a sorte de desconforto para a sua paciente população.
Alguém
já conseguiu chegar, por exemplo, a um lugar guiando-se somente por um
endereço? Difícil. Mesmo nos bairros ditos “chiques”, esta empreitada é quase
impossível.
Vivenciei
dias atrás essa desventura. Precisei ir a um determinado lugar. Estava com o endereço
completo anotado: o nome da rua, o número da casa e do bairro, que era o Santa
Rosa.
Percorri
todas as ruas daquele bairro nobre. Sem chance! Simplesmente não existiam
placas de identificação nas ruas.
Fiquei
completamente perdido no bairro que vi nascer. Uma experiência inusitada.
Pensei, por uns instantes, que seria interessante se eu adquirisse um GPS.
Mas
não! Logo afastei esta ideia da cabeça. Não tenho disposição para empreender
mais uma luta com a nossa sofisticada tecnologia.
Quando,
por fim, localizei o endereço, me senti eufórico. Sentimento que Cabral deve
ter sentido quando descobriu o Brasil – totalmente por acaso.
Não
é por nada não. Mas, segundo soube, o Complexo do Alemão, Rocinha e Dona Marta
– três das favelas mais populosas do Rio de Janeiro – possuem mais sinalizações
de rua do que o bairro de maior PIB de Cuiabá.
Todos
os prefeitos que nos governaram na Cuiabá “moderna,” executaram dois grandes
projetos visando a melhoria da qualidade de vida dos habitantes do Arraial de
Nosso Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
Construíam
novos abrigos para passageiros de ônibus e trocavam as placas com os nomes das
ruas da cidade.
Alguns
mudaram até o nome das ruas e avenidas, mas não pegaram.
Com
a febre do crescimento da construção civil, os antigos casarões, que tinham as
placas de identificação das ruas pregadas em suas paredes, desapareceram com as
demolições.
Algumas
ruas e avenidas da cidade têm o poste metálico de identificação. Mas, são tão
minúsculas, que é quase impossível a sua leitura, principalmente pelos
motoristas.
Como
Campo Grande está bem sinalizada! Andei por lá tempos atrás me guiando somente
pelas placas - que sempre me levaram, no menor espaço de tempo, ao local
procurado.
Nem
o satélite tem condições de nos ajudar em Cuiabá!
Esta
capital, com quase trezentos anos de idade, parece uma cidade cega, mais para
garimpo que para cidade que sediará uma Copa do Mundo.
Que
situação!
Gabriel
Novis Neves
11-05-2012
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