sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rio de sangue


Há coisa de dez dias, uma notícia divulgada em um site local passou despercebida pela comunidade cuiabana. Foi noticiado o Rio de Sangue no bairro Pedra 90 da capital mato-grossense.
Com tantos escândalos políticos estourando, uma noticiazinha curiosa como essa não sobreviveu.
Em Brasília iniciou-se os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, que tem como patrono do contraventor um ex-Ministro da Justiça e como musa a sua esposa.
Foi montado um show com roteiro e script de acordo com os interesses do governo, que é deixar tudo como está e não apurar absolutamente nada.
Com o “não” sistemático dos presos do assalto aos cofres públicos – em consórcio com agentes públicos – às perguntas nas audiências no Congresso Nacional, dá a impressão que vem por aí muitos “cacos” no script e que o roteiro não será original.
Como simples exemplo inicial: a CPMI iria investigar apenas a empresa Delta Centro Oeste para salvar o supercomprometido governador carioca.
A imprensa anuncia que os integrantes da CPMI resolveram, por pressão popular e com as provas policiais, investigarem a Delta Nacional.
É aí que mora o perigo.
Informam os jornais que o governo já abriu os cofres. É a tradicional terapêutica de asfixia contra investigações que não interessam ao governo.
Os aliados recebem verbas para construções de quadras de esportes, e o eleitor exige dos seus representantes (sic)  investigação da empreiteira preferida das obras federais.
Aqui na terrinha, os bagrinhos presos pela operação cartas marcadas ou pagamento facilitado de precatórios, começaram a abrir o bico.
Gente graúda está comprometida e jogam no time titular do governo. Essa investigação não tem como terminar bem, conforme o combinado.
É questão de tempo, que por aqui está pior, pois a burra está vazia.
Diante desses fatos emocionantes a história do Rio de sangue ficou esquecida.
Recebi um e-mail de uma leitora, não de Mato Grosso, com informações e um vídeo, que está no youtube, correndo o mundo.
“140 mil litros de água de um açude em Cuiabá amanheceram vermelhos!”
“Os moradores do bairro Pedra 90 ficaram assustados e procuraram os órgãos responsáveis e não conseguiram respostas.”
“As explicações para essa água vermelha estão sendo comentadas como sinal que o mundo vai acabar”.
Seria simples aceitar mais uma das brincadeiras da natureza, fazendo que suas algas dêem um tom avermelhado nas águas da represa.
A nossa população merece ter suas atenções desviadas para a pureza e beleza da natureza.
Na outra ponta, misérias, que a humilde população do bairro Pedra 90 não imagina existir.
Como ficará a musa da CPMI e o seu esposo?
Quanto cobrou de honorários o honrado e sábio advogado do Cachoeira que, quando tudo começou, há quase 10 anos, com um funcionário do Planalto sendo filmado, extorquindo o contraventor, era Ministro da Justiça, e nada aconteceu?
O crescimento de uma pequena firma de Goiânia, só trabalhando com o governo, transformou-se em uma das mais importantes do Brasil, sempre alavancada por agentes públicos.
Possui obras públicas praticamente em todos os Estados, e foi a que mais recebeu recursos dos finados PACs.
Isso é muito mais fácil de esclarecer ao povo do bairro cuiabano Pedra 90 do que as águas de sangue.

Gabriel Novis Neves
24-05-2012

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