Em
governo de empresários, foi lançado o projeto de Parcerias Público-Privadas
(PPPs) para a conclusão das obras do hospital Central de Cuiabá, lançado em
1984 e, depois, paralisado por falta de recursos e outros problemas típicos da
administração pública.
A
falta de interesse e decisão política para a sua conclusão nos deixou um legado
comprometedor e imperdoável para vários governos.
Estive
presente na festa de lançamento da pedra fundamental daquele investimento - de
grande importância social para todo o Estado.
Havia
nascido as Ações Integradas de Saúde (AIS), embrião do futuro Sistema Unificado
de Saúde (SUS).
Nesse
projeto, de grande abrangência social, priorizavam-se as Atenções Primárias na
Saúde, mas era necessário, para a sua credibilidade, que o sistema não
terminasse com o doente na calçada de um hospital, mas internado com toda a
moderna assistência médica.
Foi
um sonho que se transformou em pesadelo, tanto para os pacientes como para os
profissionais da saúde.
Os
jornais anunciam a retomada das obras. Afirmam que essa decisão política foi
tomada após o secretário de Saúde ter sido convencido da necessidade desse
hospital funcionando, pelo pessoal das OSS.
O
governador procurou então uma fórmula de captação de recursos: atrair a
iniciativa privada para custear as despesas, pois o caixa do Tesouro está
vazio.
Depois
de concluídas as obras, e, devidamente equipado, o hospital seria repassado às
Organizações Sociais de Saúde (OSS).
O
competente secretário de saúde atual, que está no cargo em uma função
compatível com o seu currículo de gestor público e privado, ficou na obrigação
de informar que “existem interessados em uma parceria com o Estado.”
Como
o segredo é a alma do negócio, não citou nenhum grupo interessado nessa
aventura de sociedade com o Estado, e parece que mais uma vez entrou água para
a conclusão do hospital para atendimento de pacientes do SUS.
Ninguém
de dinheiro neste país deixaria de investir em fazendas de borracha, soja,
algodão, carne, aves, usinas de eletricidade, mineração, hotéis de luxo,
resorts no Manso, mercado imobiliário, transporte coletivos, shoppings, para
torrar o seu dinheiro em uma obra cujo lucro é social.
Quem
rasga dinheiro é doente mental. Milionário, multiplica o que tem e, hospital, é
uma operação matemática de diminuição.
Há
muito tempo que o governo federal dá o exemplo em não investir em hospital. O
governo estadual seguiu a risca o exemplo vindo de cima, deixando a bomba para
os municípios onde moram as pessoas.
Quem
constrói e cuida de hospitais para que eles não fechem as suas portas, são
grupos de médicos jovens, que necessitam de um lugar para trabalhar e tentar
sobreviver da profissão, ou entidades filantrópicas quase em extinção.
Só
vendo para crer alguém, da iniciativa privada, fazer parceria com o governo,
que confessa ser incompetente para administrar uma empresa hospitalar, uma das
mais complexas.
Essa
história de PPP não é recente por aqui. Começou com as estradas, e o final não
foi bom para o usuário da estrada, o empresário e, pior ainda, para o governo.
Por
ocasião da demolição do Verdão, falava-se oficialmente que a iniciativa privada
bancaria o valor corresponde a mais da metade da obra, o governo federal
entraria com uma parcela menor e o governo do Estado completaria.
Não
tenho notícias que algum empresário tivesse colocado um tostão do seu bolso na
construção do novo campo de futebol (futuro elefante).
Será
que o ex-milionário, agora um dos maiores bilionários do mundo, fará parceria
com o Estado?
Afinal,
o dono do pré-sal, interessa-se muito por mineração.
Tenho
certeza que ele toparia trabalhar na exploração de minérios em nosso Estado e,
em parceria, forneceria recursos para a conclusão do Hospital Central, com uma
única exigência: sua empresa ficaria responsável pelo controle financeiro e auditoria
das obras.
Gabriel
Novis Neves
31-05-2012
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