Fui
ouvir outra opinião médica sobre o meu joelho direito que, após setenta e sete
anos de judiação, começou a apresentar defeitos.
O
especialista em joelho, pacientemente, escutou minha história e anotou minhas
queixas. Após examinar uma pasta de imagens radiológicas da região dolorosa e
inchada, virou-se para mim e disse:
-
O melhor remédio para o seu caso será o uso contínuo de uma bengala, pelo menos
por seis meses. É preciso tirar um pouco do peso sobre o joelho, e a bengala
tira cerca de vinte quilos. E concluiu: - O resto é paciência e andar o
mínimo possível.
A
terapêutica indicada me pegou desprevenido. Nada estimulante para mim que adoro
uma boa caminhada. E a paciência? Paciência. Vou ter que exercitá-la mais.
Bengala.
Fiquei pensando neste acessório de pouco uso nos dias de hoje. Eu, pelo menos,
raramente vejo alguém usando uma. Por isso, tratei logo de pesquisar
sobre a bengala – afinal ela será minha companheira pelos próximos seis meses,
ou mais.
Fui
ao Google. Lá fiquei sabendo que a história das bengalas começou com o início
da vida na Terra. Homens e mulheres se guiavam nas suas caminhadas com um
pedaço de madeira de árvore nas mãos para se protegerem dos animais silvestres
e colher frutos maduros das árvores.
Através
dos séculos essas bengalas primitivas transformaram-se em símbolo de status
para os homens. Bispos e Imperadores utilizavam os cetros como símbolo do poder.
A
bengala passou a ser um acessório de moda nos séculos
XVII
e XVIII. Todos os homens da cidade tinham a sua bengala. Ela transformou-se
assim em um acessório “fashion”, que era levado junto com a espada. Com o
passar do tempo a espada foi definitivamente substituída pela bengala, como
símbolo de cavalheirismo e status.
Em
1702, em Londres, um cavalheiro tinha que ter licença para ter o privilégio de
carregar consigo uma bengala, pois ela passou a ser considerada como uma arma
No
início do século XX, o guarda-chuva substituiu gradualmente a bengala, e esta
passou a ser usada somente em ocasiões bem formais.
Hoje
em dia a bengala perdeu o seu glamour. De acessório “fashion” passou a ter sua
imagem associada à velhice e à incapacidade de locomoção.
É
usada como indicação médica, principalmente para males que melhoram com a
diminuição do peso corporal em cima da região afetada, como é o meu caso.
Como
falou Platão: “Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são
provas de idade e não de prudência”.
Mas,
não pensem que o uso da bengala é assim tão fácil. Necessita de um manual de
instrução para usá-la corretamente. Eu já estou lendo o meu.
Pretendo
usá-la, com certeza. Mas, vou encará-la, não somente como uma proposta médica,
mas também como um acessório imprescindível ao meu bem-estar e segurança.
Como
dizia o meu avô: vivendo e aprendendo.
Gabriel
Novis Neves
09-06-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.